A operação – realizada na madrugada deste sábado, dia 10 – do Ministério Público Estadual, desencadeada pelo Grupo de Combate ás Organizações Criminosas (Gecoc), resultou em 12 pessoas presas e nove casas de prostituição, além de um motel, fechados. De acordo com o promotor do Gecoc, Alfredo Gaspar de Mendonça, a ação do MP teve como foco o combate a situação degradante em que as mulheres se encontravam. “As condições eram tão insalubres que eu cheguei a vomitar em um dos locais”, colocou o promotor.
De acordo com ele, as mulheres – em um motel fechado – eram oferecidas como mercadoria, em um “book” disponibilizado para os clientes na portaria do estabelecimento. Em um dos casos, uma adolescente – que já havia sido violentada pelo pai – estava sendo agenciada. “Só o caso desta menina já valeu a pena toda a operação. Ela foi encontrada em um motel na parte alta da cidade”, frisou.
A ação ocorreu para marcar a passagem do dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual foram fechadas as boates Pippos, Millenium, Hangar, Night Drinks, Vips Night Big Brother II. Além delas, a operação também encontrou irregularidades nos motéis, Desejos, Golden’s e Pantanal II.
Segundo informações do Gecoc, as garotas faziam programas por preços que variavam entre R$ 5 e R$ 70. Nos prostíbulos, os quartos custavam entre R$ 10 e R$ 50. Os presos foram autuados nas Delegacias de Plantão da cidade de Maceió. Nos locais das prisões foi encontrado muita sujeira, péssima iluminação e abastecimento de água, além de forte mau cheiro. Os doze presos foram levados para as delegacias de plantão 1, 2 e 3. Também foram conduzidas dezenas de testemunhas, entre jovens e clientes.
Um fato que chamou a atenção dos promotores Alfredo Gaspar de Mendonça e Edelzito Andrade foi a quantidade de mulheres vindas de Pernambuco e Paraíba. “Ao que tudo indica existe uma organização criminosa que opera em Alagoas com o tráfico de mulheres. Elas são contratadas em cidades do Interior de outros Estados e trazidas com a promessa de emprego”, afirmou Mendonça.
A promotora Adílza Freitas ficou estarrecida ao encontrar no interior de uma das suítes do motel Pantanal 2 uma menor portadora de distúrbios mentais sendo abusada sexualmente. Ela receberia em troca R$ 5. “Isso é uma agressão a integridade física e moral da adolescente, tendo inclusive relatado ter sido vítima de abuso sexual do pai, vivendo hoje em situação de risco como moradora de rua”, disse.
O promotor de Justiça Luiz Medeiros avaliou que a operação teve um resultado importante, e adiantou a possibilidade de que outras ações possam ser desenvolvidas nos próximos dias visando combater incessantemente a prostituição infanto-juvenil. Mesma avaliação foi feita pelo promotor Hamilton Carneiro, que observou que jovens são vítimas de condições subumanas dentro dos prostíbulos. Além das casas de prostituição, foram fiscalizados treze motéis, inclusive na área nobre da cidade.
Participaram da ação que durou nove horas os promotores de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça, Edelzito Andrade, Hamilton Carneiro – integrantes do Gecoc, em conjunto com os promotores de Justiça Luiz Medeiros, do 1º Centro de Apoio Operacional e Adílza Freitas, da 2ª Promotoria da Infância e Juventude da Capital – que atuam diretamente com o tema de proteção do menor. O trabalho teve o apoio direto da Assessoria Militar do MPE e Batalhão de Operações Especiais (Bope) sob o comando do tenente-coronel Ivon Berto; SMCCU e SMTT; comissários do Juizado da Infância e Juventude que cumpriram mandados de busca e apreensão autorizados pelo juiz Fábio Bittencourt.