Insatisfeitos com o anúncio de apenas 5,91% de reajuste salarial para servidores públicos estaduais, os militares podem se aquartelar a partir da próxima semana. A permanência dos militares nos quartéis, sem exercer função nas ruas, foi discutida durante assembleia geral ocorrida na Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) nesta segunda-feira, 02.
De acordo com a assessoria da Assomal, a reunião contou com a presença de policiais, oficiais, lideranças militares, policiais civis, agentes penitenciários, do deputado estadual Judson Cabral e do presidente da CUT, Izac Jackson. Eles debateram o não cumprimento da Lei nº 6.824, que dispõe sobre a fixação dos subsídios de servidores da carreira dos militares estaduais, integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas, até o posto de capitão, com base no reajuste concedido aos oficiais superiores pela Lei nº 6.715, de 04 de abril de 2006, e que até agora o governo não deu uma resposta.
“Queremos a correção do quinquênio, data base e do resíduo de 7% que é um direito nosso. Também propomos um piso salarial de 2.800 reais para os policiais militares, mas até agora fomos ignorados”, disse o presidente da Assomal, major Fragoso. Os líderes militares ainda disseram que o governador não tem cumprido os acordos e que a interferência do Executivo e do Judiciário tem sido favoráveis ao governo.
De acordo com a diretoria da Assomal, representada pelo major Fragoso, todos devem ter a coragem de ir atrás dos seus direitos. “Não podemos aceitar essa situação. O que estamos cobrando é a dignidade que tínhamos há cinco anos. O governo do Estado não está cumprindo a Lei 6.824. Estamos pedindo somente que a justiça funcione de maneira correta, de forma imparcial”, afirmou.
Os líderes militares disseram também que estão tentando desmobilizar a categoria, mas que não irão conseguir.
“A mobilização é muito importante e temos que convencer nossos amigos, pois a união faz a força e temos que tomar algumas providências”, pontuou major Fragoso. Ainda durante a assembleia, falou-se em adotar medidas legais, sem que todos sejam prejudicados pela Corregedoria. “Podemos adotar a operação padrão e a partir dessa determinação e com uma ideia coesa, veremos o que iremos fazer, explicou o major Fragoso.
Izac Jackson disse que o governo do Estado tem o apoio do Poder Judiciário, mas que todos aqueles que estão se mobilizando podem encontrar uma forma de se proteger do “Governo do Mal”. “O governador Téo Vilela gasta mais de 40 milhões de reais com serviços terceirizados. Cabe um aumento maior que os 5,91% dados ao funcionalismo público. Se os militares decidirem aquartelar, darei todo meu apoio”, comentou o presidente da CUT.
Para o deútado Judson Cabral, o atual comandante da PM alagoana, quando era tenente coronel foi oprimido e pediu ajuda e agora não dá nenhum tipo de apoio aos militares. “O Estado não cuida do seu patrimônio humano e ainda quer entregar tudo às empresas privadas. O grande problema é o sucateamento dos coletes, armas e viaturas. Como vamos ter segurança, se não temos qualidade? Ninguém da educação, saúde e segurança está satisfeito com esse Governo, por isso sempre estarei ao lado dos trabalhadores e não do usineiro que vem destruindo o Estado de Alagoas”, desabafou o parlamentar.
O cabo Simas falou acerca da data base e da falta de equilíbrio de alguns militares devido ao descaso do Governo. “Como podemos ter equilíbrio se há seis anos brigamos pela data base e não temos nada? O equilíbrio deveria ter aparecido no início da atual gestão. Temos que cobrar e tomar a decisão sobre o que queremos e se for preciso aquartelar, estarei com todos vocês”, falou Simas.
Após várias intervenções dos militares que sugeriram que seja aguardada a resposta do secretário Alexandre Lages, outros falaram em aquartelamento, todos decidiram realizar um buzinaço da Assomal até o Palácio dos Palmares para um ato público. Eles se uniram aos servidores da educação e saúde e iniciaram o ato. “Aqueles que não lutam pelos seus direitos, não são dignos deles. Queremos cobrar respeito e dignidade, pois estamos sofrendo com o descaso. Nossa segurança está um caos”, finalizou major Fragoso.