Relatos de vítimas e investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro mostram que milicianos se utilizam de recursos de jogos ilegais como o Jogo do bicho além das taxas em outros serviços, para extorquir população que vive sob constante ameaça.
Como a Milícia do RJ explora comunidades
A atuação das milícias no Rio de Janeiro inclui a cobrança indiscriminada de diversas taxas, invasões em favelas anteriormente ocupadas pelo tráfico, e até mesmo a prática rotineira de homicídios, para demonstrar poder se utilizando do medo da população.
Atualmente, cerca de, 2 milhões de pessoas vivem em áreas sob influência desses grupos criminosos na Região Metropolitana do RJ.
Pessoas que vivem nas áreas de influência das milícias, contam histórias que demonstram a violência empregada pelos milicianos no exercício do poder.
Franquia do Crime
Em 2018, a série de reportagens Franquia do Crime mostrou que cerca de 2 milhões de pessoas vivem em áreas dominadas por milícias no estado do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana.
Atualmente, grupos dominaram bairros de cidades como Itaboraí, que fica na Região Metropolitana do Rio de janeiro, e a Praça Seca, que fica na Zona Oeste do Rio, anteriormente dominada pelo tráfico, encontra-se sob comando de milícias.
Segundo as investigações da Polícia Civil do batalhão de Jacarepaguá, apenas a Cidade de Deus, que é palco frequente de confrontos entre a Polícia Militar e traficantes, permanece sob domínio do tráfico.
Prova disso são os relatos de que homens armados foram vistos fugindo pela mata da Cidade de Deus.
Enquanto isso, na Praça Seca, houve a ajuda de milicianos de Santa Cruz e Campo Grande que vêm na extorsão uma maneira de manter o poder, inclusive para cobrar taxas, tanto em serviços formais, quando informais, como é o caso do jogo do bicho.
Segundo o delegado Gabriel Ferrando, que é titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a milícia é “quase uma força única” que exerce domínio sobre diversas regiões do Rio de Janeiro.
Prisão de grupo reduz homicídios
Em julho de 2019, um grupo que atuava em Queimados foi preso, o que refletiu na redução de forma drástica do número de homicídios na região.
“Em Queimados, após a operação que tirou de circulação uma quadrilha que se denominava Caçadores de Ganso, ficamos 21 dias sem mortes. Nós temos dados bem concretos nesse sentido”, disse Antônio Ricardo.
Segundo Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, o combate à violência empregada por esses grupos, que são formados majoritariamente por militares, influencia diretamente na redução dos índices de violência e na expectativa de vida da população.
“Em Itaboraí, após a ação da DH Niterói e São Gonçalo, tivemos uma redução quase a zero naquela região, que ainda é alvo de disputa de território, disputa essa que acaba aumentando o número de vítimas dessas organizações criminosas” relatou.
