O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) chama a atenção pela cor vibrante de seus pelos, que varia de dourado a vermelho-dourado. Assim como outros micos e saguis da família Callitrichidae, seu pequeno porte, sua longa cauda e sua agilidade fazem do mico-leão-dourado um dos mais simpáticos animais da nossa fauna.
Ele vive cerca de oito anos, tem hábitos diurnos e, à noite, dorme em ocos de árvores ou emaranhados de cipós e bromélias. Se alimenta de frutos, animais invertebrados e pequenos vertebrados. Alguns estudos mostram que o mico-leão-dourado come mais de 60 espécies de plantas e, depois de digeri-las, ajuda a dispersar suas sementes pelo ambiente.
O mico-leão-dourado pode ser reproduzir uma ou duas vezes por ano e os períodos de reprodução vão de setembro a novembro e de janeiro a março. Não há diferenciação de cor e tamanho entre machos e fêmeas e, quando nascem os filhotes, tanto o pai quanto a mãe ajudam na criação.
Quase extinto
A imagem do pequeno primata de cerca de 60 centímetros de altura já correu o mundo e, desde os anos 70, é um dos símbolos da luta pela conservação da diversidade biológica. Isso porque o mico-leão-dourado está há muito tempo ameaçado de extinção.
A devastação da Mata Atlântica quase exterminou toda a população de micos-leões-dourados. Originalmente, a espécie era encontrada em todo o litoral fluminense, chegando até o Espírito Santo. Com a intensa ocupação da zona costeira no estado, acompanhada de extração de madeira e atividades agropecuárias, e a consequente destruição da mata, os micos estão agora confinados a cerca de 20 fragmentos florestais.
Apesar de serem pequenos, os micos-leões-dourados precisam de bastante espaço. Eles vivem em grupos de aproximadamente oito indivíduos, podendo chegar a 14, e cada grupo ocupa em média 110 ha.
Os pesquisadores afirmam que, para o mico-leão-dourado sair da lista de espécies ameaçadas de extinção, é preciso que, até 2025, haja cerca de 2.000 indivíduos vivendo soltos, em uma área de 25.000 ha de florestas. Atualmente, as populações selvagens não somam nem 1.000 indivíduos, que estão espalhados em remanescentes de florestas que, em sua maioria, não passam de 1.000 ha.
Trabalho de conservação
A história das ações de recuperação da população de micos-leões-dourados confunde-se com a história do WWF-Brasil. Em 1971, quando a Rede WWF iniciou sua atuação no Brasil, o primeiro projeto da instituição foi apoiar os estudos sobre um até então desconhecido primata do Rio de Janeiro que estava ameaçado de extinção.
Esse trabalho pioneiro viria a se transformar no Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado, um dos mais bem-sucedidos do gênero no mundo, que há 30 anos vem sendo executado por um conjunto de organizações parceiras.
Diferentes estratégias são adotadas desde então para aumentar a população de micos-leões-dourados. Na década de 80, foi iniciada a reintrodução em ambientes naturais de grupos de micos nascidos em cativeiro, com resultados muito bons. Até o ano 2000, cerca de 150 animais haviam sido soltos na mata.
Além da reprodução em cativeiro, os pesquisadores também investiram na translocação de micos-leões-dourados, ou seja, eles retiram os animais que estão vivendo em fragmentos florestais muito pequenos e os levam para áreas maiores. Essas duas técnicas de manejo são muito importantes para ampliar a área de distribuição da espécie e para aumentar a sua variabilidade genética, o que reduz a vulnerabilidade da mesma a doenças ou destruição de determinados fragmentos.
A importância das unidades de conservação
As unidades de conservação, mais conhecidas pela sigla UCs, desempenham um papel fundamental para que os micos-leões-dourados deixem de correr risco de extinção. Para se ter uma ideia, as maiores populações da espécie encontram-se em UCs. As duas maiores estão na Reserva Biológica Poço das Antas e na Reserva Biológica União, ambas no Rio de Janeiro.
Neste Ano Internacional da Biodiversidade, é indispensável que o Brasil volte suas atenções para a proteção da Mata Atlântica, que abriga não só os micos-leões-dourados, mas muitas outras espécies endêmicas.
O compromisso do país com a Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas é proteger em unidades de conservação 10% da área original da Mata Atlântica. No entanto, os remanescentes desse bioma são tão poucos e pequenos, que nosso desafio atualmente é proteger integralmente todos os fragmentos de floresta que ainda restam