
A tradição e obstinação do mestre Juvenal Domingos foram premiadas
Foi observando grupos de Guerreiro desde os 5 anos de idade que Juvenal Domingos se encantou com o folguedo, chegando a tornar-se mestre. Aos seus 73 anos, seu Juvenal receberá um dos oito certificados de mestre do Registro do Patrimônio Vivo Alagoano, concedido nesta quarta-feira (25) pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Devoto de Padre Cícero, o mestre recebeu a notícia com alegria. “Parece que eu entrei no céu”, descreve. Entre cantigas e peças, Juvenal contou o caminho que percorreu por várias cidades do interior do Estado, até parar no bairro da Chã da Jaqueira, em Maceió, onde fundou o Guerreiro São Pedro Alagoano. O grupo conta com 26 membros, entre tocadores e personagens.
Nascido e criado nas fazendas da Usina Utinga Leão, o menino “espiava” as apresentações de mestres como Sebastião Batista e João Losé. Ainda criança, começou a cantarolar peças e chamar a atenção dos mais velhos. “Mas você quer saber como foi que entrei no Guerreiro? Comecei a ser violeiro. Não gostei. Tentei tocar pandeiro na Embolada e também não gostei. Mas cantando peças do Guerreiro eu me encontrei”, disse.
E foi pela sua pisada firme, combinada com o alto tom de voz, que Domingos criou seu primeiro grupo, aos 30 anos de idade, em Murici. A sua dança voltou à Utinga, passou por Rio Largo e fincou pé na Chã da Jaqueira, há oito anos. Em junho deste ano, o São Pedro Alagoano participou do XXXIV Encontro Nacional de Folguedos do Piauí, em Teresina.
Há cerca de um ano, o mestre perdeu a sua companheira de vida e de dança, Maria José da Conceição. Hoje, morando em frente à sede do grupo com a atual mulher, Juvenal diz que nunca vai parar de cantar e promete criar uma peça especial para a solenidade de entrega dos certificados, às 20h, desta quarta, no Espaço Ecumênico do Palácio República dos Palmares. “Penso em cantar mais. É minha vida”.