Torcedor sulafricano é só alegria com a Copa
O mundo já pode perceber nesta quinta-feira, 10, o que será a 19.ª edição da Copa do Mundo Fifa. Numa cerimônia de abertura, cercada de ufanismo e muito colorido, que aconteceu no Orlando Stadium, em Soweto e contou com a presença de aproximadamente 30 mil pessoas, num misto de show, política, mas sobretudo, enorme alegria por receber pela primeira vez, o maior evento futebolístico do planeta, a África do Sul deu o pontapé para o começo de mais uma edição da Copa do Mundo.
Infelizmente, o grande líder político sul-africano de todos os tempos, o ex-presidente Nelson Mandela não compareceu ao estádio. Atualmente, aos 91 anos e com a saúde um pouco debilitada, suas aparições, daqui em diante, serão cada vez mais raras. No entanto, o símbolo do fim do regime do apartheid é aguardado na partida inaugural, amanhã ás 11h.
Acontecendo pela primeira vez no continente africano, essa também foi a primeira vez que a cerimônia de abertura não aconteceu no mesmo dia do jogo de abertura – a comissão organizadora temia estragos demasiados no gramado do Soccer City.
Show
A cerimônia começou pontualmente às 20 horas (15 horas de Brasília). Tambores tribais abriram os trabalhos com ritmos e cores variados no palco. Em seguida, o internacionalmente conhecido sucesso Pata pata, apresentado na voz da jovem revelação local Lira, ao lado do trompetista Hugh Masekela.
Daí por diante, uma enorme quantidade de artistas locais fizeram suas apresentações. Mas a plateia foi mesmo ao delírio com o pop do Black Eyed Peas, de Alicia Keys. A dançante Waka waka – Time for Africa, da colombiana Shakira encerrou a festa em grande estilo.
Como destaque, o ex-jogador Sócrates também esteve no palco.
As apresentações – ensaiadas tão secretamente quanto o esquema tático de Coreia do Norte, Eslovênia ou Nova Zelândia – não encantaram pela pirotecnia ou efeitos especiais. Nem de longe se compara, por exemplo, com a grandiosidade vista no Ninho de Pássaro, nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Muito mais o valor simbólico estava presente no rosto de cada torcedor da “nação arco-íris”.
O evento serviu para mostrar que a África do Sul tem a capacidade de lidar com qualquer assunto do mundo. Estamos muito felizes em realizar a Copa 2010. Gostaríamos de agradecer a Fifa por ter tomado a decisão de ter trazido a Copa para cá”, disse Zuma. A Copa do Mundo em todos os continentes foi um sonho que começou ainda quando João Havelange era presidente da entidade máxima do futebol.
Alegria
Nem o alto preços do ingresso – cuja renda promete ser revertida para a Fundação “1 Goal”, mantida pela Fifa – e a proibição das tão tradicionais quanto barulhentas vuvuzelas encobriram a noite de festa. Os torcedores pagaram 459 rands (aproximadamente R$ 100) pela entrada mais barata. Nas arquibancadas, um clima de celebração tomava conta.
Tutu
Prêmio Nobel da Paz de 1984, o arcebispo Desmond Tutu, companheiro de Mandela desde os tempos da segregação racial no país, roubou a cena. Com um gingado atípico para um senhor de 78 anos, ele emocionou a todos ao contar sua história sem cair em pieguice.
“Sejam bem vindos à África sagrada. Antes de falar quem estará na final (risos)… Acho que temos que fazer uma homenagem ao homem a que devemos tudo isso. Ele está em Johanesburgo e se todos nós gritarmos bem alto, ele poderá ouvir: viva Nelson Madiba Mandela!”, puxou Tutu.