×

Alagoas

Médicos de Genebra e de Alagoas usam nova tecnologia para tratar aneurisma

Os médicos Eliane Medeiros, Rodrigo Peres, Vitor Mendes, Larissa Lopes e Kátia Arruda nas novas salas do Laboratório da Hemodinâmica

A Santa Casa de Maceió recebeu esta semana o neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista Vitor Pereira Mendes, brasileiro radicado na Suíça e uma das maiores autoridades mundiais em AVC agudo e no tratamento do aneurisma cerebral por meio de stents.
Vitor Mendes chefia uma equipe de pesquisadores na Universidade de Genebra, atualmente um dos principais centros especializados neste tipo de patologia da Europa. O neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista da Santa Casa de Maceió, Rodrigo Peres, realizou junto com o brasileiro Vitor Mendes uma intervenção para implantação dos chamados stents modificadores de fluxo (stents flow diverters). Trata-se do primeiro procedimento deste tipo em Alagoas.

A equipe utilizou o recém adquirido Innova 3100, equipamento que converte as veias e artérias examinadas em imagens tridimensionais de alta resolução. A paciente beneficiada com a moderna tecnologia (ver matéria abaixo) foi uma senhora com cerca de 60 anos, que apresentou três lesões, duas delas tratadas via embolização do aneurisma com uso de espirais de platina e a terceira com o stent modificador de fluxo. Tal procedimento somente é possível em complexos hospitalares que tenham profissionais qualificados e que invistam em tecnologias, como as imagens tridimensionais.

Ao visitar o Laboratório de Hemodinâmica da Santa Casa de Maceió, Vitor Mendes destacou que a instituição investiu certo nesses dois aspectos: conhecimento e tecnologia. No primeiro caso, citou a larga experiência do neuroradiologista Rodrigo Peres, que passou a integrar a equipe a partir do ano passado. No segundo, as novas instalações e equipamentos adquiridos para o Laboratório de Hemodinâmica, entre eles o Innova 3100, que totalizaram R$ 1,2 milhão em investimentos com recursos próprios.

“Em termos de estrutura, tecnologia e conhecimento médico, este complexo está bem situado em relação a outros grandes centros mundiais. A medicina que se pratica aqui está em sintonia com o que ocorre na Europa ou nos Estados Unidos”, disse Vitor Mendes, arrematando que na Terra do Tio Sam o tratamento somente começará a ser realizado no final de julho, já que até hoje a tecnologia era realizada apenas em nível de pesquisa.

Além de Rodrigo Peres, o especialista Vitor Mendes foi recebido pela neurologista Eliane Medeiros, do Serviço de Neurologia, que enfatizou a importância do pesquisador em Maceió para a Medicina alagoana.

“Stents” reduzem a reincidência de aneurisma cerebral

Para entender a técnica é preciso antes saber o que é aneurisma cerebral, patologia que atinge entre 1% e 2% da população e que, quando há sangramento, chega a vitimar quase 20% dos pacientes ainda na primeira hora. “Quando sangra, o aneurisma cerebral provoca uma fortíssima dor na cabeça do paciente. Os sobreviventes relatam que a dor não se compara a nenhuma outra”, descreveu o neurorradiologista da Santa Casa de Maceió, Rodrigo Peres.

“O aneurisma cerebral é uma dilatação sacular (em forma de saco) da parede das artérias – vasos que levam o sangue do coração aos tecidos, no caso, o cérebro. Um defeito genético que enfraqueça a parede desses vasos – que estão sob contínua pressão – pode levar a sua dilatação, formando bolsões (aneurismas) que podem romper-se a qualquer momento”, acrescentou Peres. Esse rompimento é justamente o que ocasiona um dos mais graves AVCs (acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame) hemorrágico.

Atualmente existem três principais técnicas intervencionistas para o tratamento do aneurisma. A mais recorrente é a que utiliza um cateter, haste flexível que percorre as artérias até o interior do aneurisma, que é preenchido com espirais de platina, dispensando a cirurgia. A mais recente, utilizada pelos neurorradiologistas intervencionistas Rodrigo Peres e Vitor Pereira Mendes, consiste na implantação de um duto em forma de malha (stent) na artéria portadora do aneurisma, que redireciona o fluxo sanguíneo em seu interior, permitindo o fechamento do aneurisma com a preservação dos vasos normais.

A tecnologia pesquisada pelo brasileiro Vitor Pereira Mendes em Genebra garante um resultado no longo prazo, reduzindo praticamente a zero a possibilidade de reincidência.
“Os stents modificadores de fluxo isolam o aneurisma, alteram o fluxo sanguíneo e permitem a reconstrução natural do vaso, qualidade que nenhuma outra tecnologia possui atualmente”, detalhou Rodrigo Peres, lembrando que a tecnologia dispensa a necessidade de preenchimento do aneurisma com espirais de platina.

A próxima iniciativa será uma parceria a ser firmada entre a Universidade de Genebra e a Santa Casa de Maceió para a realização de pesquisas relacionadas ao estudo de fluxo nos pacientes com aneurisma cerebral.