Valquíria Nobre, ex-aliada e braço direito de Marcius Beltrão por quase 20 anos, revelou ao vivo na última sexta-feira, 27 de setembro, no programa Em Pauta, da Penedo FM, um episódio de agressão que sofreu durante o período pré-eleitoral, quando ainda fazia parte do grupo político de Marcius e Ivana, que concorrem a Prefeitura de Penedo.
A agressão foi cometida por Roninel, então namorado de Ivana Toledo, candidata a vice-prefeita de Penedo na chapa de Marcius Beltrão. Ivana, que estreitou a amizade com Valquíria recentemente, preferiu proteger o agressor e se manter em silêncio, enquanto Marcius, mesmo sabendo do ocorrido, sugeriu para que Valquíria não levasse o caso adiante para não prejudicar a imagem do grupo político.
Em seu depoimento, Valquíria relatou que a agressão ocorreu no dia 24 de maio, quando tentou intervir em uma discussão entre Ivana e Roninel, após perceber que a então amiga estava sendo agredida. “Quando fui tentar ajudar e defendê-la, ele se virou contra mim e me deu dois socos no rosto”, contou Valquíria.
A agressão foi testemunhada por um casal que estava próximo e também presenciou o comportamento violento de Roninel.
Apesar de ter agido para proteger Ivana, a candidata a vice-prefeita tentou convencer Valquíria a não registrar o boletim de ocorrência e a se calar. “Ela [Ivana] me mandou uma mensagem dizendo: ‘Em nome da nossa amizade, por favor, retire esse boletim. Você sabe que ele [Roninel] tem problemas psicológicos, e se você for fazer o boletim, eu vou dizer que não fui agredida e que não vi você ser agredida’”, revelou Valquíria no programa de rádio.
Segundo a ex-aliada de Marcius, Ivana Toledo sabia do histórico violento do namorado, que já havia cegado um amigo durante uma briga em Coruripe. “Ela [Ivana] não queria que a vida dele fosse prejudicada e disse que, se eu levasse adiante, poderia dizer que eu estava exagerando”, completou.
Além de enfrentar essa pressão de Ivana, Valquíria também mencionou que tentou conversar com Marcius Beltrão, esperando apoio e compreensão por parte do então amigo e líder político. No entanto, Marcius sugeriu que ela deveria pensar bem antes de seguir com o caso. “Ele me disse: ‘Olha, Val, vamos tentar resolver isso de outra forma. Você sabe como isso pode repercutir’”, relatou.
Valquíria destacou que o comportamento de Marcius e Ivana foi um verdadeiro golpe para ela, que dedicou quase duas décadas ao lado do grupo político. “Eu passei de braço direito a alguém indesejada. Fui deixada de lado e, nas reuniões, percebia as pessoas se afastando de mim. Eu estava sendo punida por ter tentado ajudar Ivana e por me recusar a ficar calada”, comentou.
Valquíria também revelou que, após a agressão, Ivana chegou a ir à casa dela, mas não para prestar apoio. “Ela foi para a minha casa, pediu para minha mãe abrir a porta, disse que estava passando mal e se deitou na minha cama, mas nunca quis falar sobre o que aconteceu e muito menos pedir desculpas pela falta de apoio”, lamentou.
Com o agravamento da situação e a pressão psicológica que começou a sofrer, Valquíria decidiu romper com o grupo político. “Eu sou pré-candidata. Como é que vou representar as mulheres se, quando fui agredida, vou me calar? Eu não vou me calar”, afirmou Valquíria, que também deixou claro que Marcius Beltrão a pressionou, de uma certa forma, para não levar o caso a público, alegando que isso poderia “repercutir mal” para o grupo. “Passei de aliada de confiança a uma ameaça para a imagem deles”, desabafou.
Hoje, Valquíria espera que seu testemunho sirva de alerta para outras mulheres em situações semelhantes e reforça a importância de não se calar. “Se o ambiente onde você está não te acolhe, procure apoio em outro lugar. Não deixem que a pressão política ou pessoal as faça silenciar. O silêncio é o que o agressor e seus protetores mais querem”, concluiu Valquíria.
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