Na água, bombeiros e marinheiros orientavam os nadadores
Cerca de 170 quilômetros percorridos no Rio São Francisco, a nado, por etapas. A maratona realizada por cinco nadadores chegou ao fim às 14h30 desta sexta-feira, 07 de outubro, em Penedo, feriado na cidade que celebra sua padroeira, Nossa Senhora do Rosário. O exaustivo desafio começou na manhã de terça-feira, 04, na cidade de Piranhas, Alto Sertão alagoano.
Acompanhados desde o começo da jornada por militares do Corpo de Bombeiros e da Marinha, Edmundo Foschini, Percival Milani, Fábio Dias, Alessandro Massaini e Rodrigo Cavalcante nadaram cerca de oito horas por dia para concluir cada um dos quatros percursos da maratona. A cada meia hora, pausa de menos de um minuto para reidratação dos atletas que não saíam da água, recebendo assistência dos tripulantes das embarcações
O desafio vencido por nadadores com experiência em águas abertas (Canal da Mancha, Travessia dos Fortes e outras) ganhou a adesão de um típico ribeirinho. Nascido em Piranhas há 18 anos, o jovem alagoano Rodrigo Cavalcante mergulhou junto com os colegas oriundos de estados do Sudeste brasileiro e cumpriu todo o percurso, trajeto estudado com antecedência pelo engenheiro Percival Milani.
Percival esteve em Alagoas em agosto, a convite do idealizador da maratona Edmundo Foschini, 63 anos, sendo os 12 mais recentes vividos em Alagoas. O professor de Educação Física Alessandro Massaini, outro membro da equipe de nadadores, recebeu todas as informações, mas confessou que chegou a temer por sua vida durante o trecho Piranhas-Pão de Açúcar por conta da força dos redemoinhos.
Alessandro disse que chegou a pensar em desistir da maratona por causa desses obstáculos próprios do Velho Chico em sua parte localizada à margem de território sertanejo, com seu leito cheio de pedras e imensos paredões rochosos delimitando seu leito. Rio abaixo, a calmaria se aproxima, ainda que as ondulações e o vento contrário tenham sido fortes no trajeto Pão de Açúcar-Traipu, obrigando maior esforço dos nadadores.
Na pequena cidade conhecida por seu baixo IDH e recorrentes escândalos de corrupção, com prefeito foragido e membros do primeiro escalão presos, Edmundo Foschini confessou ter ido às lágrimas. “Tinha um monte de crianças esperando a gente em Traipu, quase que não dava para caminhar, o calor humano na recepção foi fantástico, aí eu chorei”, declarou, avaliando que a pausa na cidade deve ter servido para melhorar a autoestima da população.
No penúltimo dia da maratona aquática, o grupo completa o trecho Traipu-Porto Real do Colégio. Por volta das 7h30 de hoje (sexta, 07), saída para a última etapa. Penedo é a linha de chegada, com a melhor estrutura de receptivo montada nas cidades alagoanas para receber os nadadores, conforme avaliação de pessoas que acompanharam todo o desafio.
No porto das balsas, a Prefeitura de Penedo instalou tendas, trouxe a animação da banda Fênix, soltou fogos e ainda presenteou os visitantes com material sobre a cidade, de vídeo sobre Penedo a peças do artesanato local. Populares prestigiaram, aplaudiram, pediram fotos, um abraço, uma saudação, tudo isso registrado pela imprensa local e a TV Gazeta.
Na água, bombeiros e marinheiros orientavam os nadadores e controlavam o tráfego das embarcações para garantir segurança aos cinco participantes. Percival Milani foi o primeiro a pisa em terras penedenses, recebido pelo prefeito Israel Saldanha. Em seguida, o jovem alagoano Rodrigo Cavalcante, depois Alessandro Massaini, com Edmundo Foschini e Fábio Dias chegando juntos. Todos exaustos, todos igualmente vencedores.
Na verdade, a maratona não foi planejada para ser uma competição. Nem troféu ou prêmio em dinheiro havia para os atletas que se propuseram a encarar o desafio idealizado para despertar a necessidade de recuperar e preservar o rio São Francisco, conforme explicou Edmundo Foschini. Ele planeja refazer o percurso e declarou que pretende articular outros apoios institucionais para nadar de novo no Rio da Unidade Nacional.
Além das instituições militares, o desafio que começou a ser discutido há dois anos contou com apoio da Federação Alagoana de Natação, da Federação Aquática de Alagoas, Academia Forma Fit e de todas as prefeituras dos municípios que serviram como referência para a maratona (Piranhas, Pão de Açucar, Traipu e Porto Real do Colégio).
