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Meio Ambiente

Manobra de ruralistas tenta incluir Código Florestal na pauta da Câmara

Enquanto os negociadores brasileiros se esforçam na COP 16, em Cancún, para demonstrar os progressos do país em relação ao desmatamento e às mudanças climáticas, uma manobra na Câmara dos Deputados pode jogar por terra todo o esforço feito pelo Brasil nos últimos anos na área ambiental: os deputados federais da base ruralista lideram uma tentativa, nos últimos dias que restam da atual legislatura, de colocar em regime de urgência a votação das mudanças no Código Florestal.

Isso faria com que a matéria pudesse ser votada ainda este ano, sem as discussões demandadas pela sociedade civil organizada e pela comunidade científica. O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa, propôs o regime de urgência, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente eleita, Dilma Rousseff, terem se posicionado claramente de forma contrária à votação da matéria ainda este ano.

De acordo com a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, a tentativa de colocar em regime de urgência a votação de uma matéria de tamanha importância demonstra a indisposição dos parlamentares ruralistas em discutir o assunto com a sociedade brasileira. “Vários estudos científicos já demonstraram que as mudanças no Código trariam consequências sérias ao Brasil em termos de perda de biodiversidade e aumento nas emissões de gases de efeito estufa. É fundamental que o tema seja mais debatido, com base em critérios técnicos e científicos, e que o substitutivo em pauta seja retirado de votação”, avalia.

Recente estudo do Observatório do Clima demonstra que as modificações propostas pelo substitutivo apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) comprometeriam a meta brasileira de redução de emissões estipulada na Política Nacional de Mudanças Climáticas. O Brasil assumiu ano passado, em Copenhague, o compromisso de cortar cerca de 1 bilhão de toneladas de suas emissões de gases em 2020.

Segundo Denise Hamú, é necessário que o Governo Federal continue a se posicionar com clareza de forma contrária a esta manobra. “Não podemos colocar em votação algo de tamanha importância a toque de caixa, nos últimos dias de uma Câmara que foi renovada em cerca de 50% pelos eleitores brasileiros nas últimas eleições”.

A secretária-geral do WWF-Brasil acrescenta que o Brasil, que conquistou a posição de liderança mundial nas negociações climáticas, pode passar por um vexame histórico em Cancún se o Congresso aprovar o regime de urgência, que facilitará sobremaneira a aprovação das mudanças no Código Florestal.