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Alagoas

Mais de 500 pessoas estão na fila de transplante em Alagoas

Cerca de 300 pessoas participaram da V Jornada Alagoana de Transplantes realizada neste final de semana, no hotel Matsubara. O evento fez parte da programação da Semana Estadual para Doação de Órgãos e Tecidos, promovida pela Central de Transplante de Alagoas, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

A Jornada contou a com participação de representantes da Sesau, Hospital Geral do Estado (HGE), Hemocentro de Alagoas (Hemoal), além da Associação de Renais Crônicos (Arcal) e estudantes da Faculdade Integrada Tiradentes (Fits). Durante o evento, foram debatidos temas como morte encefálica, entrevista familiar e os transplantes de rins, fígado, coração e medula óssea.

Segundo o médico Carlos Alexandre, coordenador da Central de Transplantes em Alagoas, o passo principal para se tornar doador é conversar com a família e deixar bem claro o desejo.

“Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas”, afirmou.

O número de transplantes no Brasil cresceu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008. De janeiro a julho foram transplantados 2.099 órgãos em todo o país, contra 1.688 no mesmo intervalo no ano passado.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o transplante de rim aumentou 30,28% no período e o de fígado, 23,17%. No entanto, no mesmo período, os transplantes de coração e de pulmão – que têm mais dificuldades na captação e manutenção dos órgãos – caíram 20,4% e 15,38%, respectivamente.

Apesar da tendência de aumento desde 2006, no Brasil, o número de doadores efetivos é de 8,6 para cada um milhão de habitantes. Na Espanha, esse número chega a 36 por milhão de habitantes.

Em Alagoas, 525 pessoas estão na fila de espera de um transplante. Sendo 203 pacientes aguardando a doação de córneas; 360 precisam de se submeter a um transplante renal; um paciente está esperando a doação de um fígado e outro aguarda um doador de coração.

De acordo com a assistente social da Central de Transplante, Kelly Brandão, este ano já foram realizados 75 transplantes de córnea, seis de rins e um de coração. “A doação de órgão representa um ato de solidariedade. É um ato de amor à vida”, destacou a assistente social.

Durante toda a semana, a Central Estadual de Transplante também entregou material educativo, folders e prestou orientações sobre como e quem pode ser doador de órgãos. A ação foi promovida pelo Hospital Geral do Estado (HGE) em parceria com Secretaria Municipal de Saúde, no Calçadão do Comércio de Maceió, onde foram realizadas ações preventiva de saúde, como verificação de pressão arterial e glicemia A iniciativa teve o objetivo de orientar e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas.

“A ação contou com a participação dos servidores, que explicaram a população sobre a importância da doação dos órgãos e da autorização da família. Por isso é importante que as pessoas manifestem este desejo ainda em vida para os seus familiares”, ressaltou o coordenador da Central de Transplante em Alagoas, Carlos Alexandre.

José Wilson da Silva, transplantado e também presidente da Associação dos Renais Crônicos de Alagoas (Arcal), presente na panfletagem do centro, testemunhou que, depois de viver cinco anos fazendo hemodiálise, há sete anos recebeu um rim de um jovem de 15 anos que faleceu em um acidente de carro.

Ao falar sobre todo o processo, antes e depois da cirurgia, ele disse que sua vida renderia um livro com uma história de final feliz depois do gesto generoso de uma família. “Escapei de morrer, mas estou aqui para dizer que, após o transplante a vida continua”, relatou.

Quem pode doar

Qualquer pessoa pode doar seus órgãos, desde que não tenha passado por doenças que possam prejudicar o funcionamento do órgão ou tenha tido alguma doença que possa provocar contaminação como hepatite, que prejudica o fígado, Aids ou câncer.

No caso dos rins, é possível uma doação em vida de um dos dois órgãos do doador. No caso das córneas, é possível a doação até seis dias após a morte. Para os outros casos, é necessário que o doador tenha sido diagnosticado por morte encefálica.

Não há limite de idade para a doação dos órgãos, desde que o quadro clínico da pessoa seja bom e compatível com o receptor, o que quer dizer mesmo tipo sanguíneo, peso e tamanho dos órgãos semelhantes e compatibilidade genéticas que evitam a rejeição.