Mães ficam mais tempo com seus filhos e cuidam mais dos pequenos
Mais de 200 bebês recém-nascidos foram atendidos, de janeiro a 9 de dezembro deste ano, pelos profissionais da Enfermaria Mãe-Canguru da Maternidade Escola Santa Mônica. Durante o tempo de internação, eles receberam os cuidados necessários para ganhar peso e sair com aleitamento materno exclusivo.
Atualmente, o setor cuida de onze mães e 12 bebês que, diariamente, são beneficiados pelo projeto de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Risco, desenvolvido na instituição desde 2000. A Maternidade Santa Mônica é referência no Estado no serviço de Mãe-Canguru.
Mãe de Yudi Raul, de um mês e onze dias de vida, a jovem Claudinei dos Santos conta que o método contribui para que o desenvolvimento e crescimento do filho. “Ele fica colado no meu corpo e sente como se estivesse na barriga de novo. Acho que esta posição faz com que ele se desenvolva mais rápido”, diz a mãe de primeira viagem.
Opinião parecida tem Josefa Daniela Pereira, de 19 anos. “Meu bebê nasceu com seis meses e estamos na enfermaria Mãe-canguru há quase um mês. Estou aprendendo tudo, inclusive a amar meu filho”, diz emocionada.
Já Edneide Maronita de Sousa mãe – pela segunda vez – de Emanuel Vítor de 17 dias mostra-se satisfeira com os cuidados prestados pela equipe do Mãe-canguru. “Estou há seis dias com meu filho na enfermaria. Acho interessante o método porque o bebê se sente mais próximo da mãe e mais protegido. Com isso, recupera-se mais rápido”, disse Edneide.
A enfermaria e o ambulatório são coordenados pela médica Sirmani Frazão, que conta com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, assistente social, enfermeira, terapeuta ocupacional, oftalmologista e outros especialistas qua atuam em tempo integral no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do bebê. O projeto permite que os bebês deixem a maternidade com aleitamento materno exclusivo, além de fortalecer o vínculo entre a mãe e o filho.
“Antes de o método ser instituído, o recém-nascido por passar meses no hospital quando chegava em casa era um estranho para a mãe”, disse a médica. Segundo Sirmani a maioria dos prematuros nasce com problemas de retinopatia da prematuridade, enfermidade caracterizada pela não-formação dos vasos e da retina, que pode levar à cegueira mas que pode ser prevenida, dependendo do peso e da idade do recém-nascido.
No método Mãe-Canguru, as mães aprendem a trocar fraldas, tirar o leite da mama e dar ao filho por meio de uma sonda (até que ele tenha condições de fazer a sucção do leite), dar banho, tocar e amar o filho, elementos essenciais para que ele sobreviva. O projeto conta com etapas que vão do pré-natal ao bebê na UTI. “Esse estágio favorece o contato físico entre a mãe e o recém-nascido. Dependendo do seu estado clínico, a criança já é colocada na posição canguru”, explica Sirmani.
Critérios – A mãe tem que ter disponibilidade de ficar internada na maternidade até o filho receber alta; a criança deve ter peso mínimo de 900 gramas e estabilidade clínica, e a mãe deve concordar com os objetivos e regras utilizadas pelo método Canguru. Para deixar a maternidade o bebê precisa ter peso entre 2,5 e 3 quilos, variável determinada pelo Ministério da Saúde. Para receber alta, segundo Sirmani, o bebê deve estar em estado de ganho de peso progressivo e ser amamentado exclusivamente com o leite materno.
Entre os fatores que provocam a pré-maturidade nos bebês estão os casos de filhos de mães adolescentes, infecção materna, promiscuidade, hipertensão na gravidez e a condição de gêmeos. Entre as vantagens e benefícios que o projeto Mãe-Canguru traz para o bebê estão o tempo de internação menor e a redução do índice de mortalidade neonatal. Segundo a médica, somente 5% a 7% dos bebês que ficam na Enfermaria Mãe-Canguru retornam aos berçários; a maioria vai diretamente para casa.
Posição canguru – Os bebês são atados ao corpo da mãe com um pano do tipo tipoia, com as perninhas encolhidas, na mesma posição em que ficam no útero. Através desse método, a criança fica em contato direto com a pele da mãe, e por ela é aquecida. “A mãe assume a função da incubadora e sua respiração estimula a do bebê, que ainda não tem o centro regulatório da respiração bem desenvolvido. Outra vantagem do método é que a posição impede algumas situações desconfortáveis para a criança, a exemplo de vômitos”, salienta.
Na maternidade, as mães são ensinadas a andar de um lado para o outro da enfermaria como estratégia para imitar o tempo em que carregavam seus filhos no ventre. “A sensação da mãe, andando, provoca estímulos sensoriais e de equilíbrio no recém-nascido, além de aproximar os dois”, salienta Sirmani.
Ela diz que a principal contribuição do método Canguru é o fortalecimento da relação entre mãe e bebê. “Muitas mães são jovens e os filhos são resultados de gravidez indesejada, seguida, em alguns casos, do abandono do companheiro”, disse a médica.
