Mais de 90% das lan houses do país estão na informalidade, segundo estimativa da organização não governamental (ONG) Comitê para Democratização da Informática. Na avaliação de um dos integrantes da entidade, o administrador de empresas Marcel Fukayama, a informalidade é resultado de falta de informação. “Hoje você tem pelo menos 100 mil lan houses no Brasil. Estima-se que menos de 10% está formalizada. Muitos não se formalizam porque não enxergam o beneficio [da legalização do negócio]”, disse.
Fukayama informou que desde o ano passado a ONG criou uma estratégia para estimular a formalização desses negócios no país. O programa CDI Lan, em parceria com o Sebrae, oferece cursos de capacitação e orientações sobre crédito e aproveita a capacidade de atração de públicos dessas casas para aumentar os produtos e serviços oferecidos em áreas como educação e cultura, além da internet. O resultado são lan houses que hoje disponibilizam cursos preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outras que oferecem empréstimos consignados para aposentados e pensionistas.
“A gente entende que as lan house estão subexploradas e existe uma demanda enorme principalmente nas regiões Norte e Nordeste onde a concentração nas lan houses para acesso à internet é maior; e são regiões mais carentes em termos de infraestrutura, ponto de cultura e de bibliotecas e cinemas. A lan house ocupa todo esse espaço. A gente quer utilizar melhor esses espaços por meio da educação e microfinanças”, explicou.
A proposta do projeto é diversificar as lan houses do país e reverter um cenário onde, segundo pesquisa do Sebrae-SP, 31% das empresas dessa categoria não passam do primeiro ano de existência e mais 60% não conseguem atingir a marca de cinco anos no mercado.
No Rio de Janeiro, empresas como Riosoft, também ao lado do Sebrae enfrentam ainda outras dificuldades. Depois de um mapeamento feito pelo Projeto Lan Houses do Rio, o Sebrae identificou que a informalidade está relacionada a problemas de gestão como dúvidas tributárias, e ainda à especificações legais.
“Estamos em articulação com a prefeitura para conseguir que as lan houses da comunidade da Rocinha, por exemplo, se formalizem. Pela lei municipal elas estão classificadas como casas de diversão e isso impede o alvará. O problema é que em 2008 tínhamos 100 lan houses na Rocinha e hoje temos apenas 75. Ou seja, 25 fecharam por não terem conseguido se formalizar”, disse Louise Nogueira, gestora do projeto pelo Sebrae, que acredita que a informalidade compromete potenciais como os apontados em ranking do IBGE que mostra ainda as lan houses como o segundo local mais popular de acesso à internet no país.
Segundo a PNAD 2008, essas empresas atraíram 35,2% dos 26,6 milhões de brasileiros que tinham mais de um ponto de acesso à internet em 2008. Para o Comitê Gestor da Internet (CGI), o universo de frequentadores de lan houses é de cerca de 44% dos brasileiros.