Há exatamente um ano, a população do todo o país era surpreendida pelas imagens exibidas pelo programa Conexão Repórter, apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini e exibido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). As cenas mostravam um padre de Arapiraca praticando ato sexual com um ex-coroinha, estopim do maior escândalo contra a Igreja Católica no Brasil.
Com o passar do tempo e com a veiculação de novas matérias, mais denúncias surgiram e mais envolvidos no esquema foram descobertos. No entanto, mesmo com toda repercussão do caso, que fez até o papa Bento XVI se manifestar sobre o assunto, até hoje nada aconteceu.
Tramitam na justiça alagoana processos de extorsão, calúnia e pedofilia e a sociedade cobra uma resposta do Poder Judiciário e da própria Igreja, que tratam do caso sob sigilo.
Na prática, as denúncias resultaram na suspensão das atividades eclesiásticas dos Monsenhores Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes e do padre Edilson Duarte, que confessou ser homossexual durante depoimento à CPI da Pedofilia.
Todos os padres envolvidos pertencem à Diocese de Penedo, administrada pelo bispo Dom Valério Breda, sendo que o padre Edílson e o Monsenhor Raimundo já atuaram em paróquias penedenses.
A cada nova reportagem sobre o caso, o escândalo ganhava proporções gigantescas chegando ao ponto de ter as imagens do ato sexual entre o Monsenhor Luiz Marques e o ex-coroinha Fabiano Ferreira comercializadas em lojas de vídeos ‘pirata’.
Sentindo-se encorajados pela exibição do vídeo em rede nacional e pela respectiva revolta popular, outras vítimas apareceram, entre elas Cícero Flávio e Anderson Farias, ambos supostamente aliciados pelos párocos Raimundo Gomes e Edílson Duarte.
Um ano depois de toda essa revelação que chocou os fiéis da Igreja Católica, os acusados continuam em liberdade e gozando de privilégios como se fossem padres comuns, obedientes às orientações do Vaticano.
O monsenhor Luiz Marques continua morando no bairro Alto do Cruzeiro, em Arapiraca, numa gigantesca e confortável casa construída com doações oriundas de fiéis que frequentavam a igreja de São José, localizada no mesmo bairro. Já o monsenhor Raimundo Gomes reside em uma casa alugada no bairro Eldorado, também em Arapiraca. Somente o padre Edilson
Duarte deixou a cidade e atualmente mora com a família em Maceió.
Os ex-coroinhas envolvidos no caso continuam morando em Arapiraca. De origem humilde, os jovens vivem isolados no município, com medo de ir às ruas pelas críticas da sociedade e por medo de sofrer represálias por terem denunciado o maior escândalo sexual já registrado na Igreja.
O processo movido pelos coroinhas ainda não foi julgado. De acordo com o juiz responsável pelo caso, João Luiz de Azevedo, ainda não existe previsão de quando o processo será julgado, aumentando ainda mais a angústia das vítimas e da sociedade que clama pelo esclarecimento do caso.
Já os processos de extorsão e calúnia, estes impetrados pelos padres foram arquivados pela ausência de provas.