O presidente Luiz Inácio da Silva continua acompanhando de perto a crise no Senado, e está preocupado com as tentativas da oposição criar instabilidades. O presidente Lula comentou com assessores no final de semana que o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), resumiu muito bem a percepção do governo sobre as ações de tucanos e democratas no Congresso ao afirmar que a oposição era “minoria com complexo de maioria”. A frase de Renan foi dita durante bate-boca no plenário com Tasso Jereissatti (CE), na quinta-feira.
“Estas crises estão se tornando recorrentes no Brasil nos últimos tempos porque o Brasil é o único lugar do mundo onde a minoria tem complexo de maioria”, afirmou Renan após ler a representação do PMDB contra o líder do PSDB, Arthur Virgilio, que confessou ter recebido dinheiro indevido e de ter mandado um assessor estudar ilegalmente no exterior às custas do Senado Federal, abonando faltas e garantindo o pagamento de horas extras a custa da sociedade.
Embora tenha lamentado a troca de insultos, Lula avalia que os adversários adotam a “tática da muvuca” e agem como se tivessem mais votos. Renan comanda bloco que apóia o presidente Lula no Congresso que defende a manutenção do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “O governo quer a permanência de Sarney. Lula insiste em que é preciso ajudar Sarney”, diz o líder peemedebista.
Renan responsabilizou os tucanos pelo bate-boca com Tasso Jereissati (PSDB-CE). Ele afirmou que não se arrependeu das palavras proferidas ao colega. “Não me arrependo, não. Como me arrepender se ele provoca?”, afirmou Renan Calheiros ao Estado. “Eu sou um conciliador por natureza”, disse ele, acrescentando, porém: “Por mais que você esteja preparado para não responder, na hora é difícil.”
– O senhor se arrepende do bate-boca?
– Não me arrependo, não. Como me arrepender se ele provoca? Fica gritando, querendo botar as pessoas para fora do Senado. Fui provocado, reagi. Por mais que você esteja preparado para não responder, na hora é difícil.
– O senhor o chamou o senador Jereissati de ”coronel de merda”?
– Não quero falar sobre isso, não. Já passou.
– O senhor não acha que o episódio de quinta-feira pode levar o Senado a um cenário imprevisível?
– Sou um conciliador por natureza. É importante desaquecer e parar essas provocações, que acabam tendo reações. Essas pessoas que não têm hábito de conversar devem, pelo menos, aguardar um pouco as conversações. Mas naturalmente não estou me referindo a ninguém.
– Não é ruim para o presidente Sarney esse bate-boca?
– Ruim estava na semana passada. Diziam que o presidente Sarney iria renunciar, que a família estava querendo que ele renunciasse. Está claro que ele não vai renunciar e vai ser absolvido pelo Conselho de Ética.
– O senhor não acha que usou termos pesados na leitura da representação contra Arthur Virgílio em plenário?
– Quando o PSDB entrou com aquelas três representações (contra Sarney), infelizmente obrigou o PMDB a fazer o mesmo. O presidente Sarney já fez um apelo pela paz e deve fazer um novo chamamento para que as lideranças possam conversar.