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Lula: Do Deslumbramento Para O Inferno

 O poder sem a necessária prudência para contê-lo dentro de limites para não ser dominado pela vaidade e a cobiça termina, necessariamente, por corromper-se e engendrar dentro de si mesmo o germe da autodestruição. É preciso que seja forte e resistir ao canto da sereia e aos acenos de tentadoras vantagens. Infelizmente, não é apenas sob o aspecto da vida frente à morte que o homem, como dizia o filósofo Pascal, é um caniço pensante. É generalizada a sua fragilidade, quer na faculdade de enxergar à distância à luz de uma análise racional, quer no que tange à sua fraqueza para incidir no ilícito. Embora saibamos que não existe o crime perfeito, muitos, inebriados pelo poder que lhes dá a sensação e a certeza da intocabilidade, acreditam poder pratica-lo sem deixar sequer uma pontinha do rabo de fora, como imagina o diabo.

 Tendo desfrutado grande popularidade que o embriagou de vaidade e poder, achou que planava nas nuvens como um anjo sem pecado, acima do homem comum, estava blindado contra prováveis suspeitas que pusessem em duvida sua reputação. Estava tão seguro dessa convicção que publicamente confessa tê-la e duvida que alguém tenha o topete de desafia-lo.

 Idolatrando sua pseudo-honorabilidade, julga-se, no fundo, acima da lei e sente desmoronar o seu orgulho só em pensar que possa ser processado como um simples mortal. Esse sentimento foi exteriorizado quando a polícia federal foi busca-lo em seu apartamento para depor. Quis resistir, não fazendo pela intervenção de seu advogado que o aconselhou a ir pacificamente prestar o depoimento. Achando ter sido humilhado, valeu-se de uma bravata para mostrar quem era, dizendo-se candidato a presidente da república. Será que, depois das manifestações do último domingo, terá coragem de sustentar sua ilusória candidatura? Quanto mais alto o voo, maior a queda. Será que não se dá conta de se achar impossibilitado de receber a remissão de seus trambiques? Que já se encontra a caminho do esquecimento, desastre mortal para o ofuscamento e total liquidação de suas pretensões políticas?

 Voltando ao passado, vemos a figura quixotesca de um Lula sindicalista socialista radical como mensageiro das boas novas para resgatar o Brasil da corrupção. E o que vemos agora? Um Deus ou Semideus decaído frente às tentações do capitalismo. Não era isso que dele e do PT esperava uma considerável parcela dos brasileiros. Nós, pessoalmente, nunca acreditamos. A razão, bem evidente, é que são brasileiríssimos, e não extraterrestre, que trazem latente em seu DNA os vícios da nossa política. Era só uma questão de oportunidade. Bem camuflados, quando surgiu a presa caíram como feras esfaimadas sobre a mesma.

 Os fatos diariamente abordados pela imprensa, uma verdadeira sopa de petiscos extraídos de um mar toldado pela improbidade, desnecessário cita-los por serem sobejamente conhecidos, não deixam dúvida da sujeira capitaneada pelo PT, pretenso apanágio da honestidade, e participação de outras siglas partidárias. Não bastasse a evidência de tudo isso, há quem o julgue de conduta ilibada. São os xiitas, cegos pela escuridão do fanatismo.

 Sem outras considerações, vamos encerrar com uma pergunta. Como se sentiu o são Lula, antes aplaudido e hoje apedrejado, vestido de presidiário e apupado de ladrão? Certamente como uma blasfêmia. Mas como não se trata de blasfêmia e sim de justa indignação, nada resta ao brasileiro senão conduzi-lo do céu onde usufruía seus pecados, para a sua purificação no inferno.