Preocupado com a rebelião do PMDB, que começou a votar contra o governo no Congresso e a pedir mais cargos para apoiar a candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem à noite uma reunião de emergência com dirigentes e líderes do partido. Embora antes do encontro Lula tenha mostrado contrariedade com pressões de grupos do PMDB que exigem revisão das demissões na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), diante dos peemedebistas ele apenas tentou apenas conter o mal-estar e prometeu manter o canal de diálogo aberto.
Lula chamou para a conversa o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), que também comanda o PMDB, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O ministro da Defesa, Nelson Jobim, passou rapidamente no gabinete de Lula no início da reunião e ouviu reclamações de Jucá, que teve o irmão, Oscar Jucá, e a cunhada Taciana Canavarro cortados da Infraero sem maiores explicações.
Diante de Lula, Jobim argumentou que a Infraero será profissionalizada. Não foi só: disse que funcionários sem qualificação técnica serão dispensados e o corte atingirá indicados de todos os partidos, inclusive do PT. O ministro, que é do PMDB, chegou a mostrar a Lula uma lista de afilhados políticos sujeitos a demissão. Ao lado de cada nome constava quem o indicou. Monica Azambuja, ex-mulher do líder do PMDB, está nessa lista.