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Meio Ambiente

Liberais e ecologistas: a nova força contra o populismo de direita na UE

mais da metade do eleitorado tem o terceiro grau completo, 13% são homens e 12% possuem emprego formal

O Partido Liberal-Democrata (Lib-Dem) tem tido uma movimentação atípica nos últimos dias. Dezenas de pessoas entram e saem do comitê, na região oeste de Londres, a cada dez minutos. Com um sorriso no rosto, todos cumprimentam jornalistas e curiosos com um surpreendente e caloroso “bom dia”.

Os militantes da legenda não escondem a satisfação pelo ótimo resultado obtido nas eleições europeias realizadas na semana passada.

“Foi uma vitória bastante simbólica, mas nossa luta para barrar o Brexit está apenas começando. Vem muita coisa pela frente”, diz o britânico Peter Ashworth, filiado ao Lib-Dem há oito anos.

A maior parte dos eleitores liberais é formada por homens e tem entre 25 e 35 anos. São, neste caso, os chamados “jovens adultos”.

De classe média alta, com nível superior e já com alguma bagagem profissional, eles não se encaixam no radicalismo de mercado da direita ou unicamente nas pautas da classe trabalhadora.

O Lib-Dem conseguiu 19,76% dos votos. Dessa porcentagem, mais da metade do eleitorado tem o terceiro grau completo, 13% são homens e 12% possuem emprego formal.

Além disso, são contra a saída da União Europeia (UE). “O Brexit foi muito mal conduzido. Theresa May demonstrou uma incapacidade gigantesca para governar. Eu optei pelo Lib-Dem justamente pela clareza das ideias do partido sobre um tema tão importante para todos. A verdade é que ninguém falou sobre como fica o Reino Unido sem o Brexit. Há muitas coisas em jogo: remédios, abastecimento de produtos e a economia, só para citar alguns poucos exemplos”, afirma o médico Rex Melvile, de 29 anos.

“Acho que, quando votamos, temos de levar em conta várias outras questões que afetam diretamente nossas vidas: segurança e saúde. O Lib-Dem ponderou muito bem esses pontos sem nenhum extremismo”, afirma o gerente administrativo Eric Hughes, de 33 anos.

No último fim de semana, o partido liderado por Vince Cable elegeu 16 representantes para o Parlamento Europeu. Comparado a 2014, na última eleição, houve um aumento de mais de 30% de eurodeputados.

Mesmo com o resultado expressivo, e até certo ponto surpreendente, o Lib-Dem não foi o mais votado. O partido pró-Brexit, liderado pelo nacionalista Nigel Farage, será o de maior representação no Parlamento Europeu, com 29 deputados.

O cenário, porém, é inédito no Reino Unido. Nem o Partido Trabalhista, nem o Conservador — maiores e mais tradicionais legendas britânicas — ficaram nas primeiras colocações.