Roberta Dias foi sequestrada e assassinada em abril de 2012.
Entre os dias 23 e 25 de abril, o Fórum da cidade de Penedo, em Alagoas, sediará o julgamento de Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, e Mary Jane Araújo Santos, acusados de participação no assassinato brutal da jovem Roberta Costa Dias, ocorrido em 2012. O crime chocou a população pela frieza e pela complexidade do caso, envolvendo ainda ocultação de cadáver, corrupção de menores e aborto provocado por terceiro.
Roberta tinha 18 anos e estava grávida de três meses quando desapareceu, em abril de 2012. Segundo o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), a jovem foi assassinada por não aceitar interromper a gestação de um relacionamento com Saullo de Thasso Araújo dos Santos, então com 17 anos, filho de Mary Jane. A ossada de Roberta só foi localizada nove anos depois, em 2021, na Praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu.
O júri será conduzido pelo promotor de Justiça Sitael Jones Lemos, da 4ª Promotoria de Justiça de Penedo, o mesmo que apresentou a denúncia em 2018. O processo reúne mais de 4,7 mil páginas e, de acordo com o MPAL, comprova a materialidade e a autoria do crime.
“Os autos mostram que a Roberta foi atraída por Saullo, namorado dele à época, ao local do seu desaparecimento, nas proximidades do posto de saúde onde a vítima tinha ido para consulta de pré-natal, uma vez que estava no 3º mês de gestação. Ele estava em um veículo Gol, de cor preta, que escondia no porta-malas o outro criminoso, o Karlo, responsável por enforcar a Roberta com um fio”, argumentou o membro do Ministério Público.
Segundo a denúncia, Mary Jane tentou convencer a jovem a interromper a gravidez dias antes do crime. Diante da recusa, teria arquitetado o assassinato, contratando Karlo Bruno como executor. Saullo, ainda menor à época, também esteve presente na cena do homicídio, mas foi representado na Vara da Infância e Juventude.
“O assassinato foi premeditado e contou com a participação tanto de Mary Jane Araújo Santos, mãe de Saullo, quanto do próprio adolescente infrator, filho dela. Eles não aceitavam a gravidez e, diante da negativa da vítima em fazer um aborto, resolveram assassinar mãe e o feto”, complementou o promotor de Justiça Sitael Jones.
Os réus respondem por homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa da vítima —, além de aborto provocado por terceiro, ocultação de cadáver e corrupção de menores.
O julgamento será dividido em três dias. No primeiro, 23 de abril, serão ouvidas as oito testemunhas de acusação. No dia seguinte, será a vez das testemunhas de defesa, seguidas pelos interrogatórios dos réus. Já no dia 25, acontecem os debates entre acusação e defesa, com duas horas e meia de fala para cada lado, podendo haver réplica e tréplica.
O caso ganhou repercussão nacional pela crueldade e pela longa espera por justiça. A expectativa agora gira em torno do desfecho do julgamento que promete marcar a história recente do município de Penedo.
