Julho de 2009 foi o mês mais quente para os oceanos desde que as medições começaram a ser feitas, em 1879. A constatação é do Centro Nacional de Dados Climáticos dos Estados Unidos. A entidade informou que a temperatura média da água nesse período foi de 17ºC, ou seja, 0,6ºC a mais em comparação com os 16,4º médios registrados ao longo do século 20. Segundo o órgão norte-americano, a tendência é a de um aumento ainda mais significativo. O recorde supera o de julho de 1998 – ano com a maior incidência de calor em toda a história.
Dois fatores explicam a anomalia: o início do fenômeno El Niño no Pacífico e o aquecimento global, além de uma série de variações aleatórias. A maior elevação de temperatura foi no Ártico, que chegou a ficar até 5,5ºC acima da média, o que pode, segundo a entidade, acelerar o processo de degelo na região. Já nos trópicos, a água mais quente poderá servir de combustível para a formação de furacões.
Temperaturas altas no mar representam um sinal mais grave de mudança climática do que as do ar, já que o oceano responde mais devagar ao efeito estufa, alertou o Centro Nacional de Dados Climáticos. A Agência Nacional e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês) adiantou que o El Niño poderá causar alterações na quantidade de chuva em partes das Américas, África e Ásia até os primeiros meses de 2010.
No dia 19 de agosto, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) anunciou que o El Niño já atua sobre o oceano Pacífico, onde deverá permanecer até março de 2010. De acordo com a Noaa, o fenômeno poderá provocar seca na região amazônica e no Nordeste do Brasil, além de enchentes no Sul do país. Há 12 anos, as catástrofes provocadas por esse agente de transformação do clima, como furacões, inundações e incêndios, causaram prejuízos da ordem de US$ 34 bilhões.