Grupo de jovens moradores de favelas do Rio de Janeiro e de outras comunidades pobres do país lança esta noite no Centro de Artes da Maré, zona norte da capital fluminense, o Movimentos: Drogas, Juventude e Favela.
O objetivo, segundo Jefferson Barbosa, morador da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e integrante do grupo, é “começar a pensar a questão das drogas a partir de quem é mais impactado diretamente com a atual política de drogas no país”.
Durante o ato, será lançada também uma cartilha sobre política de drogas, elaborada pelos próprios jovens. O Movimentos vem sendo construído desde o ano passado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes (UCAM).
Jefferson informou que a ideia é escutar a narrativa sobre o que é e o que deve ser a política de drogas, com a propriedade de quem vive e é impactado por essa política e que também é jovem. Disse que a questão não pode ser encarada como tabu, principalmente pelos jovens, que devem abordá-la a partir de sua própria vivência. “É o início de uma tentativa de mudança cultural”.
Ele disse ainda que a temática das drogas não pode ser vista somente sob a perspectiva da segurança pública. “Essa é uma questão forte, aguda, explícita nos nossos territórios, mas não é a única questão”, ressaltou.
Para Jefferson, os jovens de comunidades e periferias precisam também de educação, saúde, saneamento básico e de debater a questão da droga para além da segurança pública, insistiu Barbosa. “Nós acreditamos que a nossa perspectiva tem de ser ouvida”. Ele Deixou claro, porém, que isso não inviabiliza que jovens de outras regiões da cidade sejam também ouvidos sobre o problema das drogas.
O grupo de jovens que participa do “Movimentos”, entende que a guerra às drogas significa escolas fechadas, mudança na rotina, medo de sair de casa, “preocupação com o nosso bem-estar e o da nossa família”.
