O Irã anunciou hoje (8) a revisão da sentença de morte por apedrejamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, por asssassinato e adultério. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que a sentença foi temporariamente suspensa para efeitos de revisão. A hipótese de pena de morte não está afastada e o apedrejamento pode ser substituído por enforcamento.
As informações são da rede estatal de televisão do Irã, PressTV. “A sentença de condenação da Sra. Ashtiani por adultério foi interrompida e [seu] caso está sendo revisto. Mas a condenação por cumplicidade no assassinato está em andamento”, afirmou o porta-voz.
Como ontem (7), Mehmanparast condenou os que associam a pena imputada a Sakineh à violação de direitos humanos. “A defesa de uma pessoa condenada por assassinato não deve ser transformada em uma questão de direitos humanos”, disse Mehmanparast. Segundo ele, se for concedido tratamento relativo à violação de direitos humanos a casos como o da viúva, acusados de homicídio em vários países devem ser tratados de forma diferenciada também.
A condenação de Sakineh à morte por apedrejamento foi alvo de reações e críticas no mundo inteiro. Houve campanhas de presidentes da República e de organizações não governamentais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da viúva e ofereceu o Brasil como destino para ela morar. A oferta de Lula foi recusada pelo governo do Irã.
Pela Justiça do país, a viúva é acusada de participação na morte do marido e de manter relações sexuais com dois homens. A acusação é rebatida por Sakineh e a família dela, mas as autoridades iranianas afirmam que eles mentem. Hoje, o porta-voz reiterou que o mundo deve “pensar no sentimento da família da vítima”, no caso o marido de Sakineh.
Em 29 de agosto, o escritório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário iraniano informou, em comunicado, que a sentença de morte de Sakineh estava encerrada. Mas ainda havia um ação pendente no Departamento de Direitos Humanos. Recentemente, houve informações que a viúva foi condenada, em outra ação, a receber 99 chibatadas por ter tido uma fotografia, em que aparece sem o véu islâmico, publicada no jornal inglês The Times.