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Sergipe

Ipesaúde investe em alternativas para estimular usuários idosos

Adaptação de horários e de espaços e criação do Grupo Apoiar foram algumas das ações implantadas

O Ipesaúde investe no acolhimento dos usuários idosos. No Centro de Promoção a Saúde Luciano Barreto Júnior, onde cerca de 40% dos pacientes são idosos, por exemplo, a equipe se adaptou aos horários desses usuários, como explica a coordenadora da unidade Cléa Dionísio. “Eles têm o costume de chegar por aqui antes das 6h da manhã, mesmo sabendo que os médicos só atendem a partir das sete, então nossa equipe passou a chegar mais cedo para acompanhá-los. A gente faz a triagem, verifica pressão arterial e glicemia, eles conversam com nossa equipe de assistentes sociais e depois vamos todos juntos tomar café da manhã”.

O refeitório da unidade também foi adaptado para esses pacientes, que o utilizam como ponto de encontro. “Ali a gente conversa, brinca, ouve os problemas e até se emociona. Nessa conversa informal, a gente acaba detectando até algumas necessidades que são encaminhadas para serviço social”, detalha Cléa.

Outra iniciativa foi a criação do Grupo Apoiar, que surgiu da preocupação dos profissionais do Ipesaúde com o surgimento de doenças, além das já típicas à idade, nesses pacientes, principalmente as psicológicas, decorrentes da solidão e sensação de abandono. “Nós, da Assistência Social, em parceria com a equipe de Psicologia da casa, montamos o Grupo Apoiar. Percebemos, durante nossas entrevistas com eles que estão muito fragilizados”, afirma a assistente social Marília Linhares.

Nesta sexta feira, às 9h, haverá mais uma reunião do Grupo Apoiar no Centro de Promoção a Saúde Luciano Barreto Júnior. Os encontros acontecem uma vez por mês e todos os usuários idosos e familiares estão convidados a participar.

Segundo Marília, a iniciativa é uma forma de integrá-los e estimulá-los a interagir uns com os outros, ao trabalhar a autoestima e também o rompimento de barreiras. “Muitos deles ainda têm preconceito com o tratamento terapêutico, por isso, esse grupo é importante, pois a gente chega aos poucos, uma vez por mês, conversando, buscando compreendê-los. Hoje já são 20 pacientes participantes”, diz.

Normalmente os pacientes frequentam o centro a cada três meses e a criação desse laço de carinho e amizade é consequente. Um exemplo é dona Bernadete Silva Santos, de 73 anos, funcionária aposentada do Ipesaúde. Ela diz que se sente em casa. “Mesmo que não reencontre aqui mais meus antigos colegas e amigos, sou muito bem tratada, gosto demais. Aqui no “Diabetes” é uma benção”, diz. Dona Josefa Marques dos Santos, 78 anos, concorda com a afirmação da colega. “Eu frequento aqui desde os tempos da Praça da Bandeira, vir para cá é uma alegria”. Os idosos chegam a passar uma manhã inteira no Centro de Promoção a Saúde, onde são atendidos por cardiologistas, endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos.

Falta de acompanhamento

Marília Linhares comenta que a falta de apoio e acompanhamento da família são uma das mais frequentes queixas dos pacientes e, por vezes, dificulta o tratamento oferecido. “Muitos deles vêm para cá sozinhos, não têm mais disposição física e nem psicológica para isso. Alguns deles precisam, por exemplo, entender os procedimentos, os pedidos de exames, a administração de remédios, mas pelas próprias condições que se encontram não conseguem acompanhar ou assimilar. Eles precisam desse apoio da família, mas não recebem”, relata.

Assistente social diz que sempre entra em contato com as famílias nesses casos e que muitos apresentam justificativas. “Eles dizem que não têm tempo, que precisam trabalhar, nós entendemos isso, mas é necessário haver, entre eles uma divisão de tarefas para que o idoso seja amparado”, diz. A assistente social explica, ainda, que já houve casos que precisaram da intervenção do Ministério Público Estadual.