Levantamento do Ministério da Saúde revela que, em quatro anos (2005 a 2008), aumentou em 8% o número de internações por fratura de fêmur. Em 2008, esse tipo de fratura foi responsável 32.908 internações hospitalares na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) – a um custo total de R$ 58,6 milhões. Em 2005, foram 30.273 e um gasto de R$ 48,8 milhões. Os investimentos também cresceram por conta das internações. Em 2006, foram investidos R$ 49,9 milhões em 31.535 internações. Em 2007, 51,8 milhões em 32.657 internações.
A cada ano, o Ministério da Saúde tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Com o Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional, criado em 1982, são disponibilizados medicamentos para o tratamento de doenças específicas cujos pacientes necessitam de medicamentos de custo unitário geralmente elevado. A osteoporose é uma delas. Em 2007, foram investidos mais de R$ 37 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose. Atualmente, são oferecidos sete medicamentos com 14 apresentações diferentes, conhecidos como reguladores da homeostase do cálcio e a projeção de gastos. Em 2008, foram investidos em torno de R$ 39 milhões.
A fratura de fêmur está também entre as causas relevantes de morbidade e mortalidade dos idosos. Entre as causas externas, as quedas são responsáveis por 24% das mortes em idosos, enquanto correspondem a 6% no restante da população. Cerca de 30% das pessoas idosas sofrem quedas a cada ano. Essa taxa aumenta para 40% entre os idosos com mais de 80 anos. As mulheres tendem a cair mais que os homens até os 75 anos de idade, a partir dessa idade as freqüências se igualam. Dos que caem, cerca de 2,5% requerem hospitalização.
DADOS – Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), instituição vinculada ao Ministério da Saúde, revelou que, em média, 20% dos homens na faixa de 50 a 80 anos de idade têm perda de massa óssea, que deixa o indivíduo mais propenso a fraturas, a chamada osteoporose. O dado é considerado alto pelos especialistas na área. O estudo mostrou um percentual crescente de homens com a doença a partir dos 60 anos. No grupo com 60 a 69 anos, o índice chega a 20,6%. Nos homens com 70 a 79 anos, vai a 23,2% e, naqueles com 80 anos ou mais, a prevalência atinge 36,6%. Em todos os casos, foram observadas as regiões do fêmur e da coluna lombar. Ao todo, 712 homens voluntários do município do Rio de Janeiro participaram do levantamento.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia reconhece que não há dados exatos sobre a incidência da osteoporose no Brasil. Mas estima que 10 milhões de pessoas sofram da doença. A grande maioria seria de pessoas acima de 60 anos. A instituição prevê que a realidade brasileira é semelhante à norte-americana. Segundo a National Osteoporosis Foundation (NOF), nos Estados Unidos, na faixa etária dos 50 anos ou mais, a osteoporose atinge 40% das mulheres negras; 72% das mulheres brancas, 23% dos homens negros e 42% dos homens brancos com idade igual ou acima de 50 anos.
No Brasil, há apenas estudos localizados sobre a prevalência da osteoporose. A doença, no entanto, está, ao lado da Diabetes Miellitus (DM) e da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), no rol das daquelas crônico-degenerativas com maior incidência na população idosa. Durante quatro anos, especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da Regional de Pernambuco acompanharam 630 mulheres. O estudo mostrou que 28,8% apresentaram osteoporose na coluna lombar e 18,8% no colo do fêmur.
Silenciosa e indolor ? De acordo com o geriatra Salo Buksman, do INTO, a osteoporose é uma doença silenciosa. “Não acarreta sintoma nenhum, nem dor, exceto quanto o indivíduo sofre uma fatura”, explica. O médico diz que talvez o único sintoma da osteoporose, tanto em homens quanto em mulheres, são as pequenas fraturas das vértebras. “E o que a gente chama de fratura por achatamento, quando a vértebras dá uma achatadinha, e a pessoa perde um pouco da sua altura”, explica. Quando isso acontece, é possível desconfiar que o indivíduo esteja tendo microfraturas vertebrais por conta da osteoporose. “É um dos pouquíssimos sintomas que a doença provoca”, acrescenta.
A osteoporose não apresenta diferenças entre homens e mulheres. Mas é no universo feminino que é mais prevalente. “Porém, os homens têm uma prevalência muito importante que justifica um investimento na pesquisa, na prevenção e no tratamento da doença”, ressalva Salo Buksman.
A outra diferença é a resistência masculina aos serviços médicos e aos profissionais de saúde. “A mulher, por natureza, cuida mais da própria saúde e da dos familiares também. O homem, normalmente, é muito desleixado na área da saúde e tem muita dificuldade de se conscientizar da importância de fazer prevenção e tratamento dessas doenças”, acrescenta o especialista.
Para os homens com 70 anos ou mais, o médico Salo Buksman recomenda que procurem um especialista, façam um exame de densitometria óssea para verificar se têm osteoporose. Caso tenham a doença, a saída é procurar, o quanto antes, o tratamento adequado. “No caso de não ter a doença, é melhor prevenir por meio de exercícios físicos, exposição ao sol por 15 minutos diários, evitar o fumo e ingerir quantidade adequada de cálcio que seria alguns copos de leite ou de laticínios também todos os dias”. Para os homens com menos de 70 anos, que sofreram alguma fratura de baixo impacto ou têm um histórico familiar e fazem uso de cortisona ou remédios para epilepsia, o geriatra sugere que procurem um médico para saber se se enquadram na população de maior risco.
Buksman recomenda que a prevenção da osteoporose comece cedo. De acordo com ele, a ingestão de cálcio ao longo da vida também é importante. O cálcio está presente no leite e seus derivados. Mas não basta acrescentar os laticínios ao cardápio diário. O especialista diz que é preciso tomar sol, ao menos 15 minutos por dia, o suficiente para a produção de vida D, também necessária à prevenção da osteoporose.
CUIDAR – No Guia Prático do Cuidador, lançado em junho de 2008 pelo Ministério da Saúde, há diversas dicas de adaptações ambientais que podem ser realizadas nos ambientes mais freqüentados pelo idoso na casa para evitar acidentes.
Dicas do Guia Prático do Cuidador
Adaptações ambientais:
Muitas vezes, é preciso fazer algumas adaptações no ambiente da casa para evitar quedas, facilitar o trabalho do cuidador do idoso e permitir que a pessoa possa se tornar mais independente.
O lugar onde a pessoa mais fica deve ter somente os móveis necessários. É importante manter alguns objetos que a pessoa mais goste de modo a não descaracterizar totalmente o ambiente. Cuide para que os objetos e móveis não atrapalhem os locais de circulação e nem provoquem acidentes.
Exemplos de adaptações:
As cadeiras, camas, poltronas e vasos sanitários mais altos do que os comuns facilitam a pessoa cuidada a sentar, deitar e levantar. O cuidador ou outro membro da família podem fazer essas adaptações. Em lojas especializadas existem levantadores de camas, cadeiras, vasos sanitários e vários tipos de objetos adaptados que evitam os acidentes domésticos mais comuns.
Antes de colocar a pessoa sentada em uma cadeira de plástico, verifique se a cadeira suporta o peso da pessoa e coloque a cadeira sobre um piso antiderrapante, para evitar escorregões e quedas.
O sofá, poltrona e cadeira devem ser firmes e fortes, ter apoio lateral, que permita à pessoa se sentar e se levantar com segurança.
Retire tapetes, capachos, tacos e fios soltos, para facilitar a circulação do cuidador e da pessoa cuidada e também evitar acidentes.
Sempre que possível é bom ter barras de apoio na parede do chuveiro e ao lado do vaso sanitário. Assim, a pessoa se sente segura ao tomar banho, sentar e levantar do vaso sanitário, evitando se apoiar em pendurador de toalhas, pias e cortinas.
O banho de chuveiro se torna mais seguro com a pessoa cuidada sentada em uma cadeira, com apoio lateral.
Piso escorregadio causa quedas e escorregões. Por isso é bom utilizar tapetes antiderrapantes (emborrachados) em frente ao vaso sanitário e cama, no chuveiro, embaixo da cadeira etc.
Os objetos de uso pessoal devem estar colocados próximos à pessoa e em uma altura que facilite o manuseio, de modo que a pessoa não precise abaixar ou se levantar para apanhá-los.
As escadas devem ter corrimão dos dois lados, faixa ou piso antiderrapante e ser bem iluminadas.
Em caso de queda:
As quedas são os acidentes que mais ocorrem com as pessoas idosas e fragilizadas por doenças, ocasionando fraturas, principalmente no fêmur, costela, coluna, bacia e braço.
– Se mesmo com todos os cuidados, a pessoa caiu e se acidentou, após a queda, é importante que a equipe de saúde avalie a pessoa e identifique a causa, buscando no ambiente os fatores que contribuíram para o acidente. Assim, podem ajudar a família a adotar medidas de prevenção e a tornar o ambiente mais seguro.
– Ao atender a pessoa que caiu, observe se existe alguma deformidade, dor intensa ou incapacidade de movimentação, que sugere fratura. No caso de suspeita de fratura, caso haja deformidade, não tente “colocar no lugar”. Procure não movimentar a pessoa cuidada e chame o serviço de emergência o mais rápido possível.
– Confira no site do ministério o guia na íntegra, no seguinte link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf