Atendimentos de menor complexidade já aumentaram a demanda no setor
A dona de casa Maria Auxiliadora do Sacramento, 40, procurou atendimento na UPA Nestor Piva para tratar de uma dor de dente. “Desde ontem que não aguento com tanta dor de dente. Já procurei atendimento em outras unidades e nada. Estou fazendo minha ficha para ser atendida aqui no Hospital de Urgência de Sergipe, com fé em Deus hoje vou conseguir sossegar dessa dor”, disse.
A jovem Paula Santos, 30, chegou nas dependências do hospital queixando-se de falta de ar. “Meu Deus, onde vamos parar com esse descaso que está acontecendo no município? Fui em busca de atendimento na UPA Nestor Piva e fui recebida por dois encarregados da recepção que disseram que não tinha médico e que a situação ficaria de mal a pior. Ainda bem que o Huse está atendendo, mesmo que demore vou ter meu problema solucionado”, comentou.
Esses são alguns dos casos que não deveriam ser direcionados ao Huse, mas que estão lotando o Pronto Socorro do Hospital. Os atendimentos de menor complexidade que chegam na Área Azul já aumentaram em mais de 20% a demanda no setor, por conta da greve dos profissionais de saúde (enfermeiros) do município de Aracaju, desde o início deste mês, e a interdição ética na noite de terça-feira, 25, na UPA Nestor Piva, e os problemas enfrentados também na UPA Zona Sul. Com isso, sobe o número de atendimentos de menor complexidade que já superlotavam o setor.
Principal porta de entrada do Estado para pacientes que procuram atendimento de alta complexidade, o Huse realiza uma média de 12 a 15 mil atendimentos mensais segundo o Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (Hospub). Porém, a maior parte dos casos que chegam para os profissionais do Pronto Socorro é de baixa complexidade, ou seja, aqueles que poderiam ser solucionados nas Unidades Básicas de Saúde ou nas Unidades de Pronto Atendimento.
Até o final da manhã da quarta-feira, 26, foram registrados 53 pacientes de baixa complexidade que internados e em observação na Área Azul. Com a proximidade do Carnaval, a preocupação dos profissionais é com o aumento desses atendimentos no HUSE e a interdição do Zona Norte.
“Essa é uma situação séria, estamos trabalhando para salvar vidas e prestar um atendimento de qualidade às pessoas que buscam este hospital. Com o fechamento da UPA que absorvia muitos desses pacientes, vamos ficar com a nossa capacidade de atendimento prejudicada, além de sobrecarregar nossos profissionais. Pedimos a população que tenha paciência se precisar do atendimento. Lembrem-se que atendemos toda a demanda de alta complexidade do estado que está em festa carnavalesca, além, da demanda de rotina de casos mais simples que acabam vindo para o Huse e, agora, mais a procura dos pacientes que não encontram atendimento na UPA que foi interditada”, informou a coordenadora do Pronto Socorro, Lycia Diniz.
Referência
O Huse é uma das maiores emergências do país, sendo referência em Sergipe no atendimento de alta complexidade e reconhecido pela população pelos serviços prestados. De acordo com o superintendente do Hospital, Augusto César Esmeraldo, o hospital obedece ao sistema de Acolhimento e Classificação de Risco.
“Com a superlotação estamos procurando seguir a risca o que preconiza o Ministério da Saúde e que é adotado pelo hospital: o atendimento com Acolhimento e Classificação de Risco, por meio da adoção de critérios de prioridade. A classificação de risco tem como objetivo reorganizar o fluxo no Pronto Socorro, avaliar o paciente logo na sua chegada, humanizando o atendimento e reduzindo o tempo para atendimento médico, fazendo com que o paciente seja visto de acordo com a sua gravidade e não por ordem de chegada. Vamos continuar com essa qualidade no atendimento”, explicou o superintendente.
Ainda de acordo com ele, o Huse é porta aberta para as urgências e vai continuar prestando esse atendimento. “O problema da superlotação é que gera reflexo no planejamento do abastecimento, das equipes, da alimentação, de rouparia. Enfim, coloca em risco uma série de processos de trabalho, causando transtornos. Já conseguimos melhorar várias Áreas no Pronto Socorro, em especial, a ortopedia que era uma das nossas dificuldades, esvaziando o corredor, a criação da Enfermaria Pós Cirúrgica, as melhorias na Verde Trauma e o apoio da rede para operar nos hospitais do interior que estão todos funcionando bem, são cerca de 900 cirurgias somente ortopédicas realizadas por mês na rede hospitalar do SUS”, enfatizou.
