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Intelectuais de esquerda: como entendê-los?

No plano da compreensão do homem deparo-me com dois mistérios , a fé em Deus dentro das limitações religiosas e a existência , nos dias de hoje, dos chamados esquerdistas, adversários da burguesia e do capitalismo, adeptos do mumificado socialismo e do volatilizado comunismo. Não consigo, de fato, compreender esses saudosistas de uma filosofia comprovadamente inviável, pelo menos nos moldes da ideologia revolucionária marxista. Embora não seja o criador do socialismo, Marx pretendeu explica-lo cientificamente em estágios que culminariam com as generosas dádivas e benesses celestiais do comunismo.

 Dificilmente, na juventude, quando se torna conhecimento da filosofia socialista, não se torna se admirador. Não fui exceção. O curioso é que minha crença não foi além dos quatro meses. Isso ocorreu na década de sessenta, período militar que pôs fim ao besteirol socialista totalitário. Apesar dessa realidade, falavam mentirosamente em nome da liberdade e democracia. Onde já se viu marxista liberal, quando se pregava a ditadura do proletariado? A ditadura, na verdade, era das lideranças do partido. O povo não manda, nunca mandou e nem tampouco mandará coisa alguma. Após a leitura de algumas obras a respeito, não me acomodei, aceitando como irrefutáveis as pretensões socialistas. Meu ponto de partida foi a observação do comportamento humano, suas aspirações e estímulos indispensáveis para atingi-las que nada mais é do que a livre competição na iniciativa privada. O socialismo é um obstáculo a mais alta realização do homem. Passei a vê-lo como uma fantasia apropriada aos que gostam de acreditar em utopias.

 Sonhador por excelência, acenava com uma sociedade mais igualitária e acreditava que os meios de produção, num continuo crescendo, dando a cada um segundo sua necessidade, culminaria com a autossuficiência, quando cada qual faria jus segundo à sua necessidade. Como chegaria a esse milagre? Pela desapropriação dos meios de produção? Esse é o mais grave erro do socialismo, somado a ausência do estimulo à competição. A propósito, mais avançado do que os fundadores do pretenso socialismo cientifico, foi Aristóteles , há mais de dois mil anos atrás, quando disse que há duas coisas que inspiram no homem, o interesse e o amor: a propriedade e a afabilidade.

 Naturalmente que o capitalismo, selvagem no nascedouro, especialmente na Inglaterra, primeiro pais a industrializar-se, ajudou a deflagrar o movimento socialista. Acontece que o capitalismo, dinâmico em suas transformações, veio gradativamente a humanizar-se. Essa pressão socialista sobre o capitalismo é, no meu ver, a sua única contribuição social.

 O sofrimento humano foi sempre o motivo de inspiração das utopias como válvula de escape. Marx e seus seguidores, materialistas e ateus, paradoxalmente pretendiam, igualmente com os espiritualistas, criar o paraíso. A diferença era que os primeiros o teriam quando atingissem, aqui na terra, o comunismo e os segundos o encontrariam no céu. Como os dois pecam pelo unilateralismo, sem se darem conta da inconstância, da inquietação, do tédio e outros antagonismos do espírito humano, geralmente a se locomoverem entre os extremos depois de longa permanência em um deles, só o capitalismo pode comportar os dois antípodas, isto é, o céu e o inferno, moradas errantes do nosso mundo interior.

 Na linha dessas fantasias para a fuga do insuportável, acho mais sensato ter fé em Deus, mesmo que invisível e impalpável, mas com aceitável possibilidade racional de sua existência do que teimar, irracionalmente, em acreditar numa experiência socialista sabidamente inexequível. Os nossos intelectuais de esquerda, por incompreensível mistério, persistem na cegueira, sem se dar conta de um mundo que depois de nove décadas de experiência, caiu como pedras de dominó, um país após o outro, começando com a Rússia e países da Europa Oriental.

 Estão a prestar solidariedade à presidente Dilma, esquerdista e ex-guerrilheira que tenta se agarrar, como craca no casco de navio, a um poder que há muito tempo paralisa o país. É uma solidariedade que se presta, pela aparência, em detrimento do interesse de um Brasil em crise e a necessitar, urgentemente, de uma profilaxia, eliminando a ferida que gangrena o corpo e impede o seu desenvolvimento para resgatar os graves problemas sociais. Tentar o contrário sob argumentação insustentável de desrespeito à liberdade, à democracia, e ao voto popular e que o impeachment é golpe, não passa de pura demagogia. Por que esses esquerdistas de taberna, com o pensamento petrificado pelo tempo no mundo da fantasia , não procuram criar um outro maravilhoso mundo novo para se libertarem da autolavagem cerebral?

 O que mais acrescentar? Se não estamos a navegar em um mar de rosas, mas sob efeito de quase fatal tormenta, é oportuno que pergunte: o que pretendem esses festivos esquerdistas, emergir ou submergir de vez o país, sob desatinado e desastrado comando da atual timoneira?

Dá para entende-los?