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Alagoas

Integrantes da Banda da PM se destacam em trabalho social formando músicos em comunidades

Tenente Edval, capitão Carlos Gomes e sargento Hermes

Quatro experientes profissionais integrantes do Centro Musical da Polícia Militar decidiram, ao longo da carreira, realizar um trabalho social que pudesse formar pessoas na arte que apreciam, a música. Dessa forma, os conhecimentos deles foram, ao longo do tempo, sendo aproveitados e hoje o capitão Carlos Gomes, o tenente Cícero Edval, o sargento Hermes Celestino e o cabo Aurélio Neto são referências como maestros de bandas filantrópicas compostas geralmente por crianças e adolescentes de diversas comunidades de Maceió e da região metropolitana.

Com 28 anos de corporação, o maestro da Banda da PM, capitão Carlos Gomes, 49, é o regente da banda Acordes Celestes, grupo musical da Igreja Assembleia de Deus do município de Rio Largo existente há 44 anos e atualmente com 45 componentes. Integrante da referida banda desde a adolescência, o capitão está à frente do grupo há 15 anos e já contabiliza mais de 400 pessoas que passaram por suas instruções. Ele destaca o caráter gratificante do trabalho.

“É imensamente gratificante poder contribuir com a formação musical de tantos integrantes da comunidade evangélica, hoje um grande celeiro de aprendizado musical, pois além de trabalhar o que gosto, a música, conseguimos utilizar esta arte dentro de um dos objetivos da nossa religião, que é louvar a Deus através dela. Mas, além do caráter religioso, também trabalhamos o humano, com as orientações para as famílias na questão social, sem esquecer de prezar pela manutenção da disciplina e da harmonia do grupo”, destaca o capitão.

Os integrantes das bandas geralmente iniciam as atividades na aula de solfejo, leitura rítmica e teoria musical, evoluindo em seguida para a prática com os instrumentos. Eles são acompanhados pelos maestros e quando atingem certa maturidade passam a integrar as apresentações e até mesmo disputas de campeonatos de música. Em geral, para compor as bandas, são aceitas crianças a partir dos sete anos, adolescentes e adultos sem limite de idade. Entre os instrumentos que as compõem estão o clarinete, sax alto, sax tenor, trombone, entre outros.

Satisfeitos por ter, entre os seus discípulos, músicos que se destacaram no cenário nacional e internacional, o tenente Cícero Edval, 52, e o cabo Aurélio Neto, 44, se orgulham em dividir a coordenação musical da Banda Filarmônica Santa Cecília, existente há 105 anos, no município de Marechal Deodoro. Os militares são os maestros da filarmônica há cerca de cinco anos, porém a integram há muito mais tempo.

“Apesar de ter suas bases na comunidade católica, já que foi fundada por um padre, em 1910, nosso repertório é variado e as apresentações ocorrem nos mais diversos locais e eventos. Gospel, MPB e até o rock compõem as nossas apresentações pelo Estado. Atualmente somos responsáveis pelo acompanhamento e lapidação de 70 músicos componentes da filarmônica, além dos 200 alunos que se encontram em formação”, explica o tenente, incorporado à PM há 30 anos e integrante da Santa Cecília há 35.

Já o cabo Neto recorda que as conhecidas bandas de bairro são geralmente a base de formação da maioria dos músicos profissionais. “Grande parte dos renomados músicos do cenário estadual e até nacional integraram no início da carreira bandas de música em suas comunidades. Estas bandas se tornam o primeiro contato em geral da criança ou do adolescente com a música. Alguns interrompem a formação e seguem outros rumos profissionais, mas tantos outros se destacam e fazem da música sua principal atividade”, frisa o militar, há 28 anos componente da filarmônica.

Em Coqueiro Seco, quem dá o tom e conduz as notas musicais é o sargento Hermes Celestino, 46, que admite que a formação militar influencia bastante na sua função de maestro da Banda Filarmônica Professor Francisco Pedrosa, atuante há 70 anos no município e composta por 55 músicos e 200 alunos.

“Na verdade, acabamos transferindo um pouco o caráter militar, já que exigimos muito a disciplina, primordial para as nossas atividades. Vejo como algo positivo, pois os nossos alunos respondem positivamente com compromisso e dedicação ao projeto”, ressalta o sargento, que apesar de estar à frente da banda há cinco anos, a integra há 32.

O militar recorda com orgulho as principais conquistas da filarmônica: campeã estadual de bandas alagoanas, 2º lugar no Campeonato Nacional de Bandas Filarmônicas, na Paraíba, em 2005 e diversos troféus em outras edições nacionais.

Apesar das diferenças, os quatro maestros são unânimes na importância que as bandas possuem para a formação musical. Eles ressalvam que os três centros musicais militares existentes atualmente em Alagoas – 59º Batalhão de Infantaria Motorizada, do Exército Brasileiro, Polícia Militar e Bombeiro Militar – possuem em sua composição músicos advindos das referidas filarmônicas e de outras bandas espalhadas por Maceió e pelo interior do Estado, corroborando a influência positiva destas para o cenário musical alagoano, seja dentro ou fora das instituições militares.