Delegada Katarina
O trabalho ostensivo e investigativo das polícias Militar e Civil começa a resultar em queda dos registros de homicídios em cidades do interior do estado. A principal delas, Itabaiana, no Agreste sergipano, registrou em 2013 uma queda de 33% nos registros de assassinatos, em relação às ocorrências do ano anterior: foram 43 crimes do tipo registrados no ano passado, contra 64 mortes em 2012. Os dados são confirmados pelo Centro de Estatística e Análise Criminal (Ceacrim), ligado à Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Esta é a consequência do trabalho integrado desempenhado pelas polícias na cidade serrana. Por um um lado, a Polícia Civil aumentou o índice de elucidação de crimes já investigados. Todos os 43 homicídios de 2013 tiveram os seus respectivos inquéritos instaurados pela Delegacia Regional de Itabaiana. Deste total, 30 foram solucionados com autoria definida e já estão tramitando na Justiça. Outros 10 casos ainda estão com investigações em andamento e apenas três não foram elucidados, por falta de autoria definida. Os dados fazem a Regional alcançar um índice de 69,77%
De acordo com o delegado regional Dernival Elói Tenório, a redução se deve ao combate aos crimes relacionados aos homicídios, a exemplo do tráfico de drogas. “A delegacia investigou fortemente as quadrilhas de traficantes que agiam na cidade e que, de uma certa forma, eram responsáveis por grande parte dos homicídios em Itabaiana. Também prendemos muitos pistoleiros de aluguel, que muitas vezes faziam parte destas quadrilhas e geralmente estavam envolvidos em várias mortes. Há casos de indivíduos que cometeram cinco, seis e até oito mortes”, disse o delegado, destacando que outros investigados pelas mortes morreram em confrontos armados com a polícia.
Dernival destaca ainda que a resolução dos inquéritos policiais sobre homicídios são encaradas como prioridade desde a reformulação da Regional de Itabaiana, na qual foi criado o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), formado por uma equipe exclusiva de seis policiais, sendo um delegado, um escrivão e quatro agentes. “Há muita dedicação e esforço dos nossos policiais nas investigações. Contamos também com o apoio dos outros setores, da Divisão de Inteligência [Dipol] que nos ajuda com informações e da Polícia Militar, que sempre está junto conosco”, ressalta o delegado.
Reforço ostensivo
Por outro lado, o 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), responsável pela segurança de Itabaiana e outros 13 municípios do Agreste (Areia Branca, Campo do Brito, São Domingos, Macambira, Carira, Pedra Mole, Pinhão, Frei Paulo, Ribeirópolis, Malhador, São Miguel do Aleixo, Moita Bonita e Nossa Senhora Aparecida), reforçou o patrulhamento ostensivo da cidade, com a realização constante de blitze preventivas. Houve também a ativação do motopatrulhamento, modalidade que agilizou o atendimento às ocorrências locais, por permitir maior mobilidade do efetivo e acesso aos locais onde a viatura convencional não adentrava.
Um estudo interno do 3º BPM aponta que, entre janeiro e dezembro de 2013, a unidade fez 450 prisões e apreensões em flagrante na cidade serrana, sendo 80 adolescentes apreendidos pela prática de atos infracionais. A unidade ainda confeccionou 108 termos de ocorrência circunstanciada, às quais se referem às ocorrências de menor potencial ofensivo. As equipes também apreenderam 30 armas de fogo.
De acordo com o major Reinaldo Chaves, comandante do 3º BPM, a tendência em 2014 é reduzir ainda mais os índices de criminalidade do município de Itabaiana. “Daremos continuidade às as ações de fiscalização na cidade de Itabaiana e nos demais municípios de abrangência do 3º Batalhão, intensificando a presença ostensiva da PM, de forma a prevenir a prática de delitos e reprimir, se necessário for, a ação de pessoas que queiram prejudicar a ordem e a segurança da população itabaianense”, declarou major Chaves.
Outras cidades
Outras cidades sergipanas passaram longos períodos sem registrar um único homicídio, graças ao trabalho preventivo da polícia. Uma delas é Monte Alegre de Sergipe, no sertão do estado, cujo Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), completou, no último dia 14, 366 dias sem o registro de assassinatos. Se levar em conta os últimos os anos de 2012 e 2013, Monte Alegre registrou um crime no dia 13 de janeiro do ano passado. De acordo com o delegado Jorge Eduardo, os números são extremamente positivos e devem ser comemorados pelas forças de segurança e pela população. Para mudar o histórico do município, que tinha altos registros de criminalidade no passado, a polícia atuou forte reforçando ações preventivas e repressivas.
O delegado ressaltou que os índices positivos de redução de homicídios estão intimamente ligados a uma política de tolerância zero com a criminalidade. “Combatemos com rigor todos os tipos de crime, desde uma simples alteração no cano de descarga de uma motocicleta até os crimes mais graves como roubo, furto e homicídios”, explicou o delegado.
Como forma de prevenção, o Cisp de Monte Alegre mais que dobrou o número de Termos de Ocorrência Circunstanciado (TOC). Em 2011 foram 21 e no ano passado 58. “A ligação entre número de homicídios e confecção de TOC existe na ação ostensiva anterior a ação policial que é finalizada na confecção de um termo. Ou seja, em cada um desses procedimentos finalizados houve várias ações e rondas que evitaram dezenas de crimes”, destacou.
No ano de 2013, o foco da polícia foi o cumprimento de mandados de prisão e a desarticulação de quadrilhas que iniciavam suas atividades ilícitas no município. “Assim, após as atividades corriqueiras efetuadas no ano anterior, o ano seguinte foi apenas a continuidade dos trabalhos que resultaram no marco de mais de um ano sem homicídios”, enfatizou.
Outro fator apontado pelo delegado e que contribuiu decisivamente para a redução de crimes contra a vida foi a presença ostensiva do Pelotão Especial de Policiamento em Área de Caatinga (Pepac) da Polícia Militar no sertão de Sergipe. De acordo com o tenente Manoel Alves de Oliveira, os policiais da unidade realizam blitz e abordagens em locais ermos e públicos e enfrentam com rigor o tráfico de drogas e o roubo de gado no sertão.
Além de Monte Alegre e por conta da mesma política preventiva das polícias Civil e Militar, outros 11 municípios sergipanos não registram assassinatos há mais de um ano: Amparo de São Francisco, Canhoba, Graccho Cardoso, Itabi, Macambira, Muribeca, Santa Rosa de Lima, Santana do São Francisco, São Francisco, São Miguel do Aleixo e Telha.
