Projeto Educando para Preservar o Velho Chico deverá percorrer povoados ribeirinhos e envolver centenas de pessoas, entre crianças e adultos. A equipe do Instituto do Meio Ambiente (IMA) prevê a utilização de jogos educativos, cine e palestras. Foi realizado em duas comunidades de Delmiro Gouveia e está previsto para percorrer, até outubro, oito municípios do Baixo São Francisco.
Às crianças é dada grande atenção com os cinco quebra-cabeças que mostram dois biomas, caatinga e mata atlântica, os ecossistemas manguezal e marinho, além de um mapa das regiões hidrográficas de Alagoas. Os jogos: coleta seletiva de resíduos sólidos; jogo da memória sobre o uso racional a água; conhecimento sobre a fauna brasileira. A distribuição de cartilhas, exposições de objetos confeccionados a partir de materiais recicláveis e sobre o sabão ecológico. Durante o cine, elas se encantam assistindo a um filme com temática ambiental.
Para os adultos há palestras sobre lixo e a degradação do rio, com abordagem de temáticas como queimadas, assoreamento e extração de madeira. Além das oficinas: produção de sabão a partir do uso do óleo de cozinha usado; “reaproveitamento de material, como garrafas pet que são transformadas em brinquedos, objetos de decoração, potes, bomboniere, porta-jóias e caqueras para plantas”, explica a gerente de Educação Ambiental, Joanna Borba.
O projeto de educação ambiental nos municípios ribeirinhos foi elaborado pela Gerência de Educação Ambiental, da Diretoria de Desenvolvimento e Pesquisa (Didep) do IMA, com a Chefia de Gabinete. Está previsto para acontecer em Piranhas, Pão de Açúcar e Belo Monte, em agosto; Traipu, São Bráz e Porto Real do Colégio, em setembro; Penedo e Piaçabuçu, em outubro.
Operação Riacho do Talhado
Durante a operação Riacho do Talhado, entre os dias 23 e 25 desse mês, foi realizada a primeira parte do projeto, no município de Delmiro Gouveia. Cerca de 50 crianças e 70 adultos do povoado Cruz e do assentamento Lameirão, vivenciaram as atividades educativas.
Cruz é um povoado quilombola, localizado a cerca de dois quilômetros das águas do Rio São Francisco. Aproximadamente 50 famílias foram envolvidas nas atividades que tiveram o objetivo de alertar a população quanto aos cuidados com a água e da conservação da flora e fauna locais, principalmente com o crescimento do turismo na região.
“A nossa área de lazer, que é o rio, está começando a ser poluída por nós mesmos e por turistas, por falta de educação e cuidado. Os agricultores daqui não sabem os problemas que enfrentaremos com as queimadas que eles fazem, e os pescadores deixam muitos restos na beira do São Francisco”, afirma a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Antenor Correia Serpa, Dione Araújo Lima.
A estudante Gabriele Gomes da Silva, de 14 anos, conta: “Eu participei da oficina de sabão e fui chamar minha avó, Maria Gomes da Silva, e minha vizinha, Tatiana Lima dos Santos, para participarem também, pois vovó já fabricava sabão a partir de sebo de boi, que o meu avô retira no abate de animais. E Tatiana, que faz coxinhas e pastéis para vender, joga todo o óleo fora. Agora nós poderemos retirar esse poluidor do meio ambiente e ainda economizar algum dinheiro”.
A Gerência contou com a parceria da prefeitura, através da Secretaria municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.