Técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) fiscalizam o andamento das obras do Canal do Sertão, fazem coleta de espécimes para o levantamento florístico da região e verificam se a destinação dos rejeitos tem sido feita dentro do que prevê a legislação ambiental. A visita mais recente foi acompanhada pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e pelo Consórcio Concremat.
O IMA mantém um escritório no canteiro central das obras para que a cada semana haja um rodízio de equipes na região. Além disso, segundo Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA, as visitas são necessárias porque o projeto inicial do Canal do Sertão data de 1992, assim como as primeiras licenças, e isso demanda maior atenção. Outro aspecto importante é a realização dos estudos e pareceres técnicos sobre o terceiro trecho para posterior concessão das licenças de supressão da vegetação e instalação do canteiro de obras, que já foram solicitadas pela Seinfra.
No último dia 27, foram percorridos os 64,7 quilômetros do canal, que compreendem o primeiro e parte do segundo trecho da obra. “Podemos notar duas situações distintas entre os trechos 1 e 2.
No primeiro, observamos que apesar de existir rochas derivadas da abertura do canal, já existe uma regeneração natural da vegetação primária. No trecho dois, ainda em obras, observamos uma quantidade extremamente superior de rejeitos. Estudos desenvolvidos pela Seinfra e pelo Consórcio Concremat, com o nosso auxílio, vão apresentar uma destinação viável para esses rejeitos”, comentou Augusto Duarte, engenheiro florestal do IMA.
Quanto ao levantamento florístico, algumas amostras de espécies nativas foram coletadas pela bióloga Raíssa Pinto, como é o caso da Spondias tuberosa (umbuzeiro), Tabebuia caraiba (craibeira), Parkinsonia aculeata (Turco) e Calotropis procera (algodão-da-praia). Após o trabalho de registro das áreas mais preservadas da região e de coleta de determinados espécimes, o material é catalogado e entra para o registro de plantas da região, localizado no Herbário MAC do IMA. “Com essas amostras somadas ao que será coletado nas próximas visitas e ao banco de dados do herbário, o próximo passo é sugerir as espécimes que devem ser utilizadas na recuperação das áreas suprimidas”, explicou Raíssa Pinto.
Histórico do Canal do Sertão
Considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Nordeste do Brasil, o Canal do Sertão começou a ser construído com recursos estaduais, antes de passar a receber verbas federais. Entre a discussão do projeto e a realização efetiva da obra, que terá 280 km, já se passaram 20 anos.
O Canal do Sertão começa em Delmiro Gouveia, no Sertão alagoano, e se estende até o município de Arapiraca, na região Agreste. Nos primeiros 1.700 metros do canal, a água será levada até a estrutura de transição por bombeamento e, em seguida, por gravidade, até a cidade de Arapiraca. O empreendimento tem o objetivo de fornecer água aos núcleos urbanos e rurais em uma área de 26 mil hectares.