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Alagoas

Instituições alagoanas firmam pacto em defesa das terras indígenas

Audiência híbrida aconteceu na reitoria da Ufal com a participação da Funai, Ufal, Uneal, Seduc e DSEI

Coordenar ações interinstitucionais, transversais e interdisciplinares em defesa da causa indígena no Estado de Alagoas foi o objetivo central da audiência bastante participativa realizada no gabinete do reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo. A reunião foi solicitada pelo coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Cícero Albuquerque; e pelo líder indígena Tanawy Xukuru-Kariri, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Alagoas-Sergipe e líder da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas AL/SE.

A audiência híbrida contou também com a participação do reitor da Universidade do Estado de Alagoas (Uneal), Odilon Máximo, e mais cerca de trinta representantes de unidades acadêmicas, setores e núcleos da Ufal, da Uneal, da Funai, da Educação do Estado, do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ministério da Saúde (DSEI), além de especialistas da Funai com destacada atuação na causa indígena. Um encontro de várias áreas de conhecimento, como Antropologia, História, Geografia e Meio Ambiente, Direito, Educação, Ciências Sociais, Agronomia, Engenharia Ambiental, entre outras.

A proposta apresentada é criar formas de atuação conjunta, reunindo pesquisadores das várias áreas e instituições para contribuir com a pauta indígena em Alagoas. “Estou muito feliz com esse momento porque estamos aprofundando esse trabalho comum na causa indígena que é muito caro às nossas instituições. Estamos atendendo a uma convocação do presidente Lula, feita logo depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro, para que as Universidades contribuam com a reconstrução do território brasileiro. Proponho aproveitar esse momento tão rico para estabelecer um Fórum permanente da questão indígena em Alagoas”, declarou o reitor Josealdo Tonholo.

O reitor da Ufal destacou ainda as ações recentes do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), informando que o professor Danilo Marques, presente à audiência de forma remota, esteve recentemente no Sertão para o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa com povos indígenas no Campus de Delmiro Gouveia. “Temos já algum acúmulo em ações interinstitucionais. A Expedição do Rio São Francisco, por exemplo, envolve 35 áreas de conhecimento e várias instituições. Podemos organizar esse formato também para a causa indígena”, propôs o reitor Josealdo Tonholo.

O reitor da Uneal, Odilon Máximo de Morais, ressaltou que essa parceria na causa indígena pode avançar com mais pesquisa e produção de conhecimento, “Fortalecendo um núcleo interinstitucional, podemos planejar um mestrado profissional interinstitucional da questão indígena, que pode ser realizado na Uneal, em Arapiraca. Também é importante incluir nesse trabalho conjunto as outras Instituições Públicas de Ensino Superior presentes em Alagoas, como Uncisal e Ifal. Temos tarefas relevantes como colaborar com o processo de demarcação de territórios indígenas e refutar o marco temporal”, ressaltou Odilon.

Ufal comemora a indicação de Cícero Albuquerque

Cícero Albuquerque é professor da Ufal, graduado em História, mestre em Sociologia e doutor em Ciências Sociais, pesquisador na área de Ciências Agrárias e Sociologia Rural. Ao tomar posse, ele convidou o servidor técnico-administrativo, Rômullo Rogério Santos, atualmente lotado no Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), para compor a equipe da Fundação. “A parceria entre a universidade e a fundação promete trazer avanços significativos para as políticas indigenistas em Alagoas”, destaca o coordenador da Funai

A Ufal tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos direitos indígenas, consolidando sua atuação por meio de pesquisas, projetos e parcerias que visam garantir o respeito, a valorização e a preservação das culturas e territórios indígenas em todo o estado. “Nesse contexto, a recente posse do professor Cícero Albuquerque como coordenador da Funai traz expectativas de fortalecimento das políticas públicas e ações em prol das comunidades indígenas, com o fortalecimento de ações voltadas para a demarcação de terras, garantia dos direitos territoriais, preservação cultural, saúde e educação indígena”, ressalta o reitor Josealdo Tonholo.

Além da pesquisa, a Ufal também tem promovido ações de extensão que buscam o diálogo entre a universidade e as comunidades indígenas. Projetos de educação, saúde, sustentabilidade e preservação ambiental têm sido desenvolvidos em parceria com lideranças indígenas, visando fortalecer a autonomia e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades. Um marco importante foi quando o Conselho Universitário (Consuni), em dezembro de 2020, aprovou a mudança do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) para Neabi, incluindo a questão indígena nas políticas afirmativas de acesso e permanência dos indígenas na Universidade.

Na audiência, realizada no dia 23 de junho deste ano, o reitor Josealdo Tonholo reafirmou o compromisso da Ufal de contribuir para o reconhecimento e a valorização dos povos indígenas, por meio de uma atuação acadêmica e institucional pautada pela ética, respeito à diversidade e promoção da justiça social. “Reunimos aqui representantes do Instituto de Ciências Sociais, do Campus de Engenharia e Ciências Agrárias (Ceca), do Centro de Tecnologia (Ctec), , do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema), da Editora Universitária (Edufal) e da Pró-reitoria de Extensão (Proex). Essa participação já expressa o nosso envolvimento nessa causa”, destacou o reitor.

Para finalizar a audiência, a Ufal apresentou ao diretor regional da Funai um projeto que já pode ser avaliado para implantação nesta parceria. Trata-se da tecnologia social de fossas sustentáveis, que já está sendo utilizada em parcerias entre Ufal e prefeituras, em contatos estabelecidos durante as edições da Expedição Científica do Baixo São Francisco. O projeto foi apresentado pelo professor Eduardo Lucena, engenheiro civil e pesquisador de tratamento de águas residuárias e produção de bioenergia. “É uma solução sustentável, que utiliza o processo de tratamento e de reuso agrícola do esgoto sanitário para o cultivo de banana e pode ser utilizada também nos territórios indígenas”, finalizou o pesquisador.