José Cícero Barboza da Silva, 41 anos, contou com escolta da polícia durante a sua ?mudança de vida?
“Ser um homem de bem neste País é difícil. Entrego a Deus para que eu tenha forças no meu novo caminho”.
José Cícero Barboza da Silva, 41 anos, definiu o seu duro momento usando duas frases, na noite desta sexta-feira (11), ao ser ajudado por seus vizinhos e amigos na ‘mudança de vida’.
Por 14 anos ele morou em Penedo, cessando às 19h30min do dia 11 de junho de 2014. Aqui ele constituiu família, teve um filho, trabalhou na Penedo Agro Industrial (Paisa). Fez vários amigos, construiu quatro casas, todas na parte alta de Penedo. Uma delas, residiu e abriu um pequeno comércio, mercadinho, há quatro anos. Este que deu início ao seu dilema.
Ao final, teve que abandonar tudo e ‘fugir’ da cidade, com medo de morrer e, buscando preservar esposa e filho.
O início
Na tarde do último domingo de junho (29), por volta das 15h20min, dois assaltantes entraram em seu mercadinho batizado de São José, na Rua B, conjunto de mesmo nome, anexo a sua casa de número 86.
José Cícero reagiu e lutou com a dupla. Um deles portava um revólver calibre 32 e o outro, uma faca. A vítima conseguiu tomar durante a confusão a arma e desferir algumas coronhadas no criminoso, que conseguiu fugir, junto com o seu parceiro de crime. Ambos levaram apenas R$ 100 e maços de cigarros.
Na fuga, os assaltantes deixaram uma motoneta do tipo ‘Cinquetinha’, usada no crime. José acionou a Polícia Militar que registou o caso e o conduziu, com o revólver e o veículo abandonado para abrir um procedimento na 7ª Delegacia Regional de Penedo.
Coincidências da vida
Minutos após o registro policial, o pai de um dos assaltantes chegou a 7ª DRP, e por coincidência, já trabalharam juntos na Penedo Agro Industrial, anos atrás. O pai, o filho e o outro suspeito, residem no povoado Cerquinha das Laranjas, zona rural de Penedo. O caso ficou a cargo do delegado de Penedo. Na ocasião, os nomes dos suspeitos não foram divulgados à imprensa.
A vítima pensou que tudo estaria revolvido. Porém, seu drama começou. Um dos assaltantes não deve ter gostado da situação, que tomou a cidade, pelo caso de ter sido rendido, perder a arma e a motoneta. Dias após, começou a rondar o seu mercadinho, mais uma vez armado.
Na segunda-feira (07), um dos suspeitos foi até o mercadinho, e José Cícero relatou com a voz embargada, olhos vermelhos e cabisbaixo:
“Estava no mercadinho, quando avistei ele se aproximando. Rapidamente fechei o meu comércio e fiquei observando pelo vidro. Ele chegou perto da vidraça e mostrou uma arma. Eu corri e fiquei escondido por trás das prateleiras de madeira. Depois ele foi embora. Comuniquei ao caso à delegacia. E cá estou, tendo que fugir de Penedo, para não morrer e preservar meu filho e minha esposa”.
Ainda durante esta semana, o suspeito circulou a região. E na noite desta sexta-feira (11), José Cícero contratou um caminhão de mudanças, deixou Penedo para trás, e foi morar em outra cidade, não informada para ninguém.
Ainda nesta tarde do seu último dia em Penedo, o suspeito voltou a rondar o seu mercadinho. A Polícia Militar foi acionada, realizou buscas na região. Mas ele não foi encontrado.
Escolta policial
Uma equipe da Polícia Militar acompanhou toda a ‘mudança’ de um homem que trabalhou em Penedo por 14 anos e constituiu família, fez amigos e teve um filho aqui. A guarnição o escoltou até os limites da cidade. José Cícero Barboza da Silva, 41 anos, não é natural de Penedo, mas escolheu a cidade para ser sua. E teve que sair na calada da noite, temendo pela vida.
O mercadinho anexo a casa foi alugado, com todos os produtos. As quatro casas e o prédio do seu pequeno comércio, foram alugados. Um amigo da família ficou responsável por receber os valores e depositar em sua conta.
“E duro fugir do lugar que você escolheu, por causa da criminalidade. Tenho filho e esposa para preservar e minha vida. Eles não têm nada para perder”.
José Cícero Barboza da Silva, 41 anos, ao ‘fugir’ de Penedo depois de 14 anos.
– O caso foi notíciado por nós no mês passado. Clique e confira:
Em Penedo, dono de mercadinho luta com assaltantes e os coloca para correr;
