
Índios da tribo Monte Alegre ocupam terras de fazenda de político indiciado em processo federal
Lideranças da aldeia Monte Alegre da etnia Xukuru-Kariri, tribo de Palmeira dos Índios, ocuparam a delegacia regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) nesta quinta-feira, 17, em Maceió. O protesto reivindica a reativação dos serviços básicos de saúde, interrompidos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que alega o não reconhecimento da comunidade pelo poder público federal.
A aldeia Monte Alegre é a oitava da etnia Xukuru-Kariri, grupo formado por índios que viviam em bairro da periferia de Palmeira dos Índios. A situação de miserabilidade gerou a mobilização liderada pelo cacique Chiquinho, processou marcado por ocupações de áreas e recusa do reconhecimento da Monte Alegre pelas demais aldeias da mesma etnia.
Monte Alegre fica em área de político indiciado
Atualmente instalados em terras do ex-vereador por Palmeira dos Índios, Val Basílio – indiciado na operação Carranca da Polícia Federal por desvio de verbas públicas – os cerca de 300 indígenas ainda aguardam a regularização de área onde viveram os ancestrais dos Xucurus-Kariris, processo em andamento na justiça local e na Funai.
Uma série de audiências já foi realizada entre os representantes do ex-vereador e o órgão federal de proteção ao índio. Apesar da disponibilidade para ceder as terras em definitivo para seus donos originários, a família Basílio recusou a oferta de R$ 97 mil da Funai, valor apresentado após levantamento fundiário. Os representantes da família afirmam que o valor a receber seria de R$ 400 mil.
Pedido de relatório antropológico
Nas audiências judiciais em Arapiraca, foi solicitado do Ministério Público Federal (MPF) a produção de um relatório antropológico para reconhecimento da comunidade. O antropólogo do MPF, Dr Ivan Soares, esteve na aldeia para fazer a observação in loco da situação dos indígenas. O procurador federal José Godoy é o responsável pela finalização do documento que condicionará os benefícios para os indígenas da Monte Alegre.
Apesar da demora do poder público para consolidar as políticas na região indígena, a comunidade já tem o seu “Ouricuri”, espaço onde são realizados rituais religiosos. Além disso, 26 casas já foram construídas na área onde também há produção de banana, milho, feijão, macaxeira e arroz em roças familiares e comunais.
A Universidade Federal de Alagoas, através do Pólo Palmeira dos Índios, promove mais de um projeto sócio-cultural na aldeia Monte Alegre, com trabalhos nas áreas de Psicologia, Comunicação e Serviço Social.