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Alagoas

Indianos elogiam ações do Estado para inclusão socioeconômica

Indianos participaram de reunião de avaliação do programa de microcrédito Alagoas Cidadã

O secretário adjunto do Planejamento e do Orçamento, Antonio Carlos Quintiliano, e diretores da Agência de Fomento de Alagoas (Afal) receberam nesta terça-feira (22) comitiva liderada pelo indiano Helmanth Kumar Pamart Hy, diretor da entidade Hand In Hand Micro Finance.

Ele elogiou a participação do Estado de Alagoas, por meio de parceria com a organização internacional Visão Mundial, no projeto que trouxe a metodologia indiana de concessão de microcrédito para o Brasil.

A metodologia foi adaptada à realidade brasileira a partir da criação dos Grupos de Oportunidade Local de Desenvolvimento (GOL-D).

O representante da instituição indiana veio ao Brasil para visitar quatro estados nordestinos (Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará) onde está sendo aplicada a metodologia Gol-d. Em Alagoas, o modelo recebeu o nome de programa Alagoas Cidadã.

Para o indiano, as ações para redução da pobreza não significam apenas dar dinheiro, mas, sobretudo, orientar sobre como usar o dinheiro.

Segundo ele, foi com base nesta metodologia de criação de grupos (self help groups) formados por no mínimo 10 e no máximo 20 participantes, que a Índia conseguiu tirar muita gente da linha de miséria absoluta, com a criação de pequenos empreendimentos a partir do acesso dessa população aos centros de cidadania criados pelo programa e das reuniões de grupos que criaram o hábito da poupança interna para o acesso ao microcrédito.

O diretor de Desenvolvimento e Projetos da Afal, Fábio Leão, ressaltou a parceria do Governo de Alagoas, por meio da Afal, Visão Mundial e da Agência Nacional de Desenvolvimento de Microfinanças (Ande) na aplicação deste programa em Alagoas.

Segundo Leão, o Alagoas Cidadã faz parte da carteira de projetos que a agência de fomento mantém com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID/Fumin) e que recebeu aporte de recursos provenientes do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).

Durante a reunião, a coordenadora de Projetos da Afal, Cecília Bonilla, apresentou um balanço do programa em Alagoas, que teve início em março do ano passado e já envolve diretamente 1.687 participantes, com a formalização de 152 grupos em bairros periféricos de Maceió e em municípios do Sertão e Agreste alagoanos, como Canapi, Senador Rui Palmeira e Igaci.

Segundo uma amostragem apresentada pela Afal, a partir da análise de 46 grupos (30%), a maioria é constituída por mulheres, representando em Maceió 84% dos participantes e no interior, 82%. A faixa etária média dos participantes dos grupos é de 37 anos.

Outro dado levantado na amostragem mostra que a renda familiar dos participantes dos grupos do Alagoas Cidadã em Maceió é de R$ 762,00 e no interior, fica em torno de R$ 528,49. A maioria dos participantes, segundo Cecília, recebe recursos de transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, ou mesmo recursos provenientes de aposentadoria, que em média atende famílias de até 4 pessoas.

Ainda de acordo com os dados apresentados, a média de poupança semanal realizada pelos membros de cada grupo do Alagoas Cidadã gira em torno de R$ 2,23,00 e alguns dos membros já tomaram empréstimos internos, conforme o estatuto criado pelos próprios participantes de cada grupo formalizado, que possuem autossuficiencia para lidar com os recursos provenientes da poupança comum.

Educaçaõ financeira estimula empreendedorismo

Dos participantes dos grupos, conforme a amostragem, 190 (42%) declararam que possuem algum microempreendimento, a maior parte informal, e 232 dos participantes destes grupos pretendem abrir um empreendimento a partir das experiências em educação financeira e cidadania que são introduzidas nas reuniões pelos Agentes de Desenvolvimento de Grupos (ADGs) que atuam junto à comunidade.

Durante a estada em Maceió, os indianos participaram de algumas visitas a grupos já formados do Alagoas Cidadã. Eles visitaram os grupos Unidas e Unidas para Vencer, no Jacintinho, além de um grupo denominado Virtuosas, formado por marisqueiras que trabalham na comunidade Sururu de Capote, no Vergel.

O perfil dos grupos do Alagoas Cidadã inclui atividades como costura, artesanato, produção de alimentos, agricultura, comércio informal, cultura, pescadores, enfim, algum trabalho em que os participantes desejam potencializar suas habilidades e formar seus empreendimentos.

Ao final do encontro, o secretário adjunto do Planejamento e do Orçamento, Antonio Carlos Quintiliano, destacou que o objetivo do governo do Estado é acabar, no espaço de até quatro anos, com o índice de miséria absoluta existente em Alagoas. Esforços neste sentido estão sendo feitos pelo Estado, a exemplo do Programa Alagoas Cidadã. “Nós contamos muito com essa metodologia”, disse o secretário.

Compromisso

Após a reunião na Secretaria de Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, a comitiva seguiu até a Afal, para encontro com um grupo de Agentes de Desenvolvimento de Grupo (ADGs) que atuam no Programa Alagoas Cidadã.

A comitiva indiana fez questão de passar aos agentes ensinamentos sobre a atuação deles junto aos grupos, afirmando que é preciso sinergia para que as ações aconteçam cada vez melhor e com o compromisso de todos os participantes. Segundo o diretor de Transformação da Hand in Hand, DY. N. Jeyaseelan, a democracia e a transparência são fundamentais para o êxito do programa. Ele diz que o grande desafio é não falhar com o compromisso.

Metas

A meta do Programa Alagoas Cidadã é a formalização de 500 grupos, beneficiando diretamente 5.000 alagoanos, com a perspectiva de fortalecer e gerar cerca de 1.500 microempreendimentos. Para isso, o programa conta com dois fundos: Fundo Rotativo e Fundo de Risco Capital Semente, com recursos no valor de R$ 900 mil para viabilizar empréstimos de microcrédito destinados a apoiar iniciativas produtivas iniciantes ou empreendimentos pré-existentes por parte dos participantes dos grupos.

“A nossa intenção é que esse programa prospere e que todos que participem sejam uma espécie de agentes multiplicadores, ao lado dos ADGs, para que a partir deste projeto piloto que vem sendo executado pela Afal e os parceiros, possamos ajudar a transformar a realidade de grande parte da população que vive na miséria e pobreza”, disse Cecília, informando que o programa vai se expandir, ainda neste semestre, para municípios como Coruripe, Feliz Deserto, Jequiá da Praia, Piaçabuçu, Rio Largo e Satuba.

Depois do encontro em Alagoas, a comitiva indiana seguiu para Recife, de onde segue para Mossoró (RN) e depois para Fortaleza, onde acontece, de 29 de março a 1º de abril, o Seminário de Avaliação Intermediária e Encontro Nacional de GOLds.

Uma comitiva formada por diretores e técnicos da Afal, Visão Mundial, representantes de ADGs e representantes de grupos de Maceió e do interior do Estado vão participar do Seminário, com o objetivo de trocar experiências e fortalecer as parcerias existentes.