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IMA-AL alerta para aumento de focos de queimadas devido a fenômenos meteorológicos

O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) registrou um aumento de aproximadamente 50% nos focos de queimadas anuais do estado. Os dados são fornecidos pela Supervisão de Geoprocessamento do órgão, que realiza o monitoramento desses focos em Alagoas. A captação dessas informações ocorre com o auxílio de dados disponibilizados pela rede de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais (Inpe). Até dezembro de 2023, 9.132 focos de calor foram registrados.

Os números do início de 2024 também apontam para um crescimento considerável de focos. Em janeiro deste ano, foram identificados 3.948 focos de queimada, contra 1.103 no mesmo período de 2023.

De acordo com o Inpe, são chamados ”focos de calor” temperaturas captadas por sensores dos satélites quando estas atingem uma temperatura acima de 47ºC, e área mínima de 900 metros quadrados, sendo assim, disponibilizados em formato de pontos georreferenciados.

“No entanto, nem todo foco de calor é um incêndio, e nem todo incêndio é detectável pelos sensores. O IMA adota o termo “queimadas” por ser um termo mais comum na sociedade e estar associado à “queima controlada”, que se refere ao emprego de fogo no manejo de atividades agropecuárias no estado, sobretudo para a despalha da cana-de-açúcar, realizado de forma planejada e controlada e que precisam ser autorizadas pelo órgão. O monitoramento desses focos é utilizado para auxiliar na identificação de queimadas que ocorrem de modo irregular, e dos responsáveis, sujeitos à autuação”, explica Whendel Couto, consultor de geoprocessamento do IMA.

El Niño – Diversos fatores podem ter ocasionado o aumento, como a estiagem e a ocorrência do El Ninõ, fenômeno responsável pela anomalia climática ao redor do mundo, gerando alta na temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico próxima à linha do Equador, resultando no aumento em frequência devido às emissões de gases acima da média, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A previsão é que durante 2024 os números cresçam ainda mais.

Outro fator que pode explicar o crescimento do número de focos está ligado ao aumento da quantidade de satélites que fazem a identificação desses focos de calor. “Historicamente, a quantidade de satélites envolvidos na identificação dos focos vem aumentando. Consequentemente, o número de focos identificados tende a crescer. Em comparação entre os períodos de janeiro de 2023 e janeiro de 2024, houve o acréscimo de um satélite, o NOAA-21. Somente ele foi responsável pela identificação de 586 focos em Alagoas”, explica Whendel Couto.

Ainda de acordo com Whendel Couto, a base de dados do Inpe é essencial para o monitoramento realizado.“Nós fazemos a coleta desses dados e realizamos o tratamento de acordo com as nossas bases, como vegetação, unidades de conservação e Cadastro Ambiental Rural (CAR). Fazendo um cruzamento com essas informações, nós disponibilizamos um relatório semanalmente, no qual são destrinchados a tipologia de vegetação afetada, qual o bioma, o código da propriedade ou unidade de conservação afetada”, conclui o consultor.

O IMA divulga semanalmente os dados referentes às queimadas do estado de Alagoas. Em 2023 foram publicados 53 relatórios com informações que incluem quantidade de focos monitorados, focos no estado, quantidade de focos que afetaram as unidades de conservação, ranking de municípios com maiores e menores taxas de incidência, entre outras informações. Para acessar os documentos basta visitar o site do IMA ou clicar no link: https://www2.ima.al.gov.br/relatorio-de-queimadas/.

Ele ressalta também que, apesar do aumento dos números, é importante destacar o trabalho do IMA na coibição do desmatamento ilegal com uso de fogo. “Atuamos com fiscalização própria e em conjunto com órgãos federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a exemplo das operações Mata Atlântica em Pé, Matrina Paru, Mata Viva, FPI e Mandacarú”, destaca Couto.

A maioria dos registros são em regiões de Mata Atlântica. Os demais focos detectados, cerca de 30%, estão em áreas de ocorrência da Caatinga. Conforme os dados de satélites, municípios com forte presença de canaviais e usinas de cana-de-açúcar lideram a lista de maiores números de focos durante o ano, como Coruripe, em primeiro lugar, apresentando 1.069 registros. Traipu, Penedo, Teotônio Vilela e Campo Alegre vêm logo em seguida com os maiores números apontados.

Além da disponibilização no site, o relatório de queimadas é compartilhado entre os setores internos do órgão, como a Gerência de Monitoramento e Fiscalização (Gemfi), responsável pela vistoria em áreas de desmatamento e a Gerência de Unidades de Conservação (Geruc), responsável pelo monitoramento de áreas estaduais preservadas. Além dos setores internos, outros órgãos, incluindo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas (CBMAL), recebem o compartilhamento dessas informações.