O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (02/02) as coordenadas geográficas das espécies de endereços do Censo 2022. É a primeira vez que o Instituto capta esse dado para todos os domicílios do País. No Censo Agropecuário de 2017, o IBGE já havia realizado essa captação na área rural, referentes aos estabelecimentos agropecuários. Durante a operação censitária de 2022, essas coordenadas serviram para monitorar o trabalho dos recenseadores e para acompanhar a evolução da coleta.
O resultado de todo esse trabalho integrará o Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), a base de endereços usada pelo IBGE não só no Censo Demográfico, mas também em outras pesquisas domiciliares, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS).
A partir desta sexta-feira, os microdados estão à disposição da sociedade para aplicação em diversas situações, como a localização de endereços em áreas de risco, no caso de enchentes, deslizamentos e queimadas. Outro uso possível uso é localizar endereços em zonas de planejamento da administração pública, em unidades de conservação ambiental e em áreas de atuação de um determinado empreendimento.
As coordenadas dos endereços podem ser utilizadas juntamente a outras bases de dados, como as áreas de risco identificadas pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). “Através de filtros espaciais, conseguimos saber quantos domicílios particulares estão dentro de áreas de impacto ou suscetíveis, bem como os estabelecimentos de outras finalidades, como os de saúde e edificações em construção também”, explica o gerente do Cadastro de Endereços do IBGE, Eduardo Baptista.
As coordenadas geográficas podem ser consultadas por espécie de endereço. “Temos a latitude, a longitude e o código da espécie, ou seja, a finalidade de uso de endereço. Assim, o usuário vai saber se aquele ponto representado é um domicílio particular ou coletivo, se é um estabelecimento agropecuário, de saúde ou de ensino”, detalha Eduardo. As coordenadas geográficas já podem ser visualizadas na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e no panorama do Censo 2022 .
No Censo 2022, foram registrados 111,1 milhões de coordenadas geográficas para as espécies de endereços identificadas na operação censitária. Desse total, 109,9 milhões foram validados após a coleta, o que representa 98,9% daquelas vindas do cadastro do Censo originalmente.
O gerente explica que cada coordenada geográfica se refere a uma espécie de endereço. “Cada endereço tem uma coordenada. Se em um mesmo local há duas espécies de endereços, como um domicílio particular e um estabelecimento agropecuário, então esse mesmo endereço terá dois pares de coordenadas, com dois registros diferentes no arquivo do produto”.
Do total de endereços coletados no Censo, 81,5% (ou 90,6 milhões) eram domicílios particulares e 104,5 mil (ou 0,1%) eram domicílios coletivos. É possível também observar os tipos de estabelecimentos do país: a maioria deles se enquadrava em outras finalidades, com 11,7 milhões (ou 10,5% do total). Nesse grupo estão as lojas, por exemplo. Já os estabelecimentos de ensino eram 264,4 mil, os de saúde eram 247,5 mil e os religiosos, 579,8 mil. Por sua vez, as edificações em construção eram 3,5 milhões.
Coleta digital do Censo permite a captação das coordenadas geográficas
As coordenadas geográficas dos endereços foram coletadas pelos mais de 180 mil recenseadores que trabalharam no Censo Demográfico 2022, por meio dos seus dispositivos móveis de coleta (DMC). “Essas coordenadas eram coletadas durante a confirmação ou inclusão de endereços no cadastro do IBGE. O recenseador, durante o percurso no setor censitário, encontrava o endereço em uma lista prévia que já estava carregada no DMC. Ele confirmava aqueles que já existiam e estavam na lista e incluía os que não estavam. Após a inclusão ou confirmação de um endereço, o aplicativo do DMC registrava a coordenada geográfica daquela unidade visitada”, diz Eduardo.
Ele conta também como essa coleta de latitude e longitude em campo era utilizada para supervisionar o trabalho do recenseador. “Durante a realização da entrevista, quando o questionário era aberto, o aplicativo coletava automaticamente, de forma transparente, algumas coordenadas geográficas com intervalo específico de tempo, de modo que o supervisor pudesse conferir se aquela entrevista foi realizada no local correto”, completa o gerente.
Nas divulgações do CNEFE, os dados são relacionados apenas aos endereços, respeitando o sigilo estatístico. “O comitê de sigilo do IBGE entendeu que os dados de endereço não são sigilosos. Neste produto, estamos divulgando apenas as coordenadas com o código da UF e o código do município, recorte geográfico máximo que o IBGE tem divulgado até o momento”, diz. Na próxima divulgação do CNEFE, prevista para este ano, haverá a inclusão de outros dados, como o endereço completo, com logradouro, número, complemento, localidade e CEP.