Os cuidados odontológicos com pacientes críticos são básicos para manter a saúde bucal e promover o bem-estar. São essenciais para evitar a proliferação de bactérias e fungos, o que pode propiciar outras infecções e doenças sistêmicas (aquelas que envolvem todo o organismo). Em outubro do ano passado, o Projeto de Lei 2776/08 foi aprovado por unanimidade pelo Senado Federal, determinando que todos os hospitais que oferecem UTIs ou CTIs tenham um cirurgião dentista para cuidar dos pacientes que estejam entubados ou não. O Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), através do Serviço de Odontologia Hospitalar (SOH), saiu na frente.
Os pacientes passam por uma avaliação dos profissionais que verificam as condições de higiene bucal dos que estão entubados ou traqueostomizados. De acordo com o coordenador do SOH, João Roberto Resende, o trabalho realizado no Huse é único no Estado.
“O SOH funciona diariamente dentro das novas UTIs, fazendo a assepsia dos pacientes que fazem uso de ventilação mecânica. Temos que tratar da higiene bucal correta de todos os pacientes. O Huse dispõe de um programa de orientação com as técnicas de enfermagem e profissionais da Odontologia, seguindo todos os protocolos no momento das práticas de higiene bucal”, explicou o coordenador do SOH.
Mensalmente, o serviço atende cerca de 200 pacientes nas UTIs, 16 pacientes nas Alas, 12 pacientes no Trauma e 20 pacientes no gabinete odontológico (esse funcionando apenas para atendimento emergencial aos funcionários do Huse ). O serviço conta com cirurgiões dentistas e auxiliares técnicos em enfermagem, que trabalham em regime de plantão de 12 horas.
O trabalho do SOH vai além das unidades críticas. Os profissionais atendem também o setor de trauma quando acionados pelo cirurgião bucomaxilofacial. São atendimentos a pacientes comprometidos sistematicamente, a exemplo de cardíacos e portadores de doenças renais, com traumatismos dento alveolares (traumas faciais consequentes de quedas, acidentes automobilísticos, etc), drenagens de abscessos faciais, realização de biópsias bucais e remoção de dentes causadores de infecções odontogênicas (caracterizadas pela invasão de bactérias).
“Quando o paciente sofre fratura dos ossos da face e envolve a parte dentária, com perda de dentes, somos chamados para identificar qual é o tratamento adequado. Hoje, temos pacientes com aparelhos ortodônticos e removemos com a autorização da família porque identificamos um índice precário de higiene. Esse tratamento também é feito nas enfermarias. Recentemente, tratamos um paciente cardíaco e a causa foi endocardite bacteriana (bactéria que chega ao coração via bucal e entra pela corrente sanguínea e atinge o coração)”, informou João Roberto Resende.
