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Alagoas

HPV é responsável por mais de 90% dos casos de câncer de útero

O câncer de colo de útero é uma doença que pode ser evitada com o diagnóstico precoce e a principal causa é a infecção pelo HPV. O vírus é encontrado em 95% dos casos, que nem sempre são cancerígenos, e se divide em dois grupos, de acordo com seu potencial de oncogenicidade.

A relação entre o HPV e o câncer de colo de útero apresenta dados preocupantes em Alagoas. Em 2011, por exemplo, das 139.082 citologias realizadas no Estado, 97.706 foram motivadas para avaliar inflamação. De acordo com a técnica da Saúde da Mulher da Secretaria da Estado da Saúde (Sesau), a enfermeira Rita Webster, a citologia visa uma investigação hormonal, inflamatória ou oncótica.

“Esses dados apontam que é preciso lembrar o serviço como preventivo, visto que 70,25% das mulheres buscaram o exame apenas por causa inflamatória. E nem sempre a lesão é o principal sintoma do câncer de colo de útero”, explicou.

De acordo com a técnica da Sesau, as características anatômicas nas mulheres só são diagnosticáveis por exames especializados, como o de Papanicolaou, a colposcopia e outros mais sofisticados.

Quanto ao tratamento, o vírus do HPV pode ser eliminado espontaneamente, sem que a pessoa sequer saiba que estava infectada. O tratamento pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico: cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser ou cirurgia convencional em casos de câncer instalado.

Ainda segundo Rita Webster, algumas recomendações são importantes na prevenção do HPV, a exemplo do uso do preservativo. “É importante também esclarecer que o HPV pode ser transmitido na prática de sexo oral e que a vida sexual mais livre e a multiplicidade de parceiros implicam eventuais riscos. Também é necessário informar seu parceiro se o resultado de seu exame para HPV for positivo, que ambos precisam de tratamento” explicou.

A técnica da Sesau alertou ainda que o parto normal não é indicado para gestantes portadoras do HPV com lesões genitais em atividade e que é preciso consultar regularmente o ginecologista e fazer os exames prescritos a partir do início da vida sexual.

Entenda o HPV

De acordo com o Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, o HPV – nome genérico do papilomavírus humano – é um DNA-vírus do grupo papovavírus, com mais de 100 tipos reconhecidos atualmente. Pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral, anal, genital e da uretra. As lesões genitais podem ser de alto risco, porque são precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer do colo do útero e do pênis, e de baixo risco – não relacionadas ao aparecimento de câncer.

A infecção é de transmissão predominantemente por via sexual, mas existe a possibilidade de transmissão vertical (mãe/feto), de auto-inoculação e de inoculação através de objetos que alberguem o HPV. Pode ser assintomática ou provocar o aparecimento de verrugas com aspecto parecido ao de uma pequena couve-flor na pele e nas mucosas. Se a alteração nos genitais for grave, as células infectadas podem formar um tumor maligno.

Câncer do colo do útero

A Organização Mundial de Saúde ressalta que para um efetivo controle do câncer são necessárias ações para garantir uma atenção integral ao paciente em todos os níveis, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento até os cuidados paliativos. O tratamento é mais efetivo quando a doença é diagnosticada em fases iniciais, antes do aparecimento dos sintomas clínicos.

De acordo com a técnica da Saúde da Mulher, o exame citopatológico ainda hoje é o mais empregado para o rastreamento em mulheres assintomáticas. Além disso, a realização de exames preventivos periódicos do câncer do colo uterino é a medida mais efetiva para o controle das lesões induzidas pelo HPV, evitando o desenvolvimento do câncer. O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos.

Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero são a infecção pelo HPV – sendo esse o principal fator de risco; início precoce da atividade sexual; multiplicidade de parceiros sexuais; tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados; baixa condição sócio-econômica; imunossupressão; uso prolongado de contraceptivos orais e higiene íntima inadequada.