O diagnóstico precoce do autismo nos anos iniciais da infância traz ganhos consideráveis para o desenvolvimento da criança, desde que a descoberta seja seguida de acompanhamento terapêutico adequado. Os sintomas do autismo – transtorno que afeta de 4 a 20 crianças em cada 100 mil, causando prejuízo na interação social e na linguagem, entre outros – aparecem, normalmente, antes dos três anos de idade, porém, ainda é difícil a ocorrência do diagnóstico nos anos pré-escolares.
Segundo especialistas, essa dificuldade se deve, em parte, à falta de conhecimento do desenvolvimento psíquico, físico-motor e afetivo-social da criança, pois a grande preocupação de pais, professores e outros profissionais, inclusive da área da saúde, é focada no atraso da fala e não nos aspectos sociais do comportamento da criança. Além disso, o espectro do autismo apresenta características que são facilmente confundidas com sintomas de outras patologias, dificultando o seu diagnóstico.
Segundo a neuropediatra infantil Terezinha Rocha, coordenadora do Ambulatório de Autismo do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, a idade é um dos fatores determinantes para a evolução positiva do tratamento do autismo. A médica lembra que um dos maiores problemas enfrentados no tratamento do transtorno é o encaminhamento tardio de pacientes para diagnóstico e condução, ou seja, quando os sintomas já podem estar cristalizados.
Na maioria dos casos, o tratamento é procurado pelos familiares quando a criança já está na faixa etária escolar, idade na qual esse tratamento se torna mais difícil. É muito tempo perdido para quem precisa de intervenção precoce e mudança no comportamento para reduzir os déficits qualitativos na interação social, na comunicação e no desenvolvimento em geral.
Terezinha Rocha lembra que em relação ao diagnóstico do autismo, outro grave problema tem preocupado a comunidade científica que trabalha com saúde mental em vários países do mundo: o diagnóstico incorreto do transtorno. Esse problema vem sendo registrado com frequência nos Estados Unidos e também no Brasil, onde a notificação de casos tem aumentado. Visando esclarecer a diferença entre os diagnósticos de autismo clássico, autismo atípico e os transtornos de “Laço”, ou seja, da relação entre mãe/bebês e familiares/bebês e que muitas vezes são confundidos com autismo, a neurologista infantil e seus parceiros, entre os quais o Hospital Universitário, organizaram um curso internacional com a participação de uma das maiores especialistas no tema.
O curso será realizado nos dias 6 e 7 de maio, no auditório do Conselho Regional de Medicina, em Maceió, com palestras realizadas pela psicanalista radicada na França Graciela Cullere-Crespin, vice-presidente da Associação Preaut e também responsável pela formação com foco em autismo dos médicos e equipes médicas da Atenção Básica em Paris. As inscrições para o curso “O espectro autístico: diagnóstico diferencial e resultados da pesquisa PREAUT na França” estão abertas e a oferta é de apenas 100 vagas. O evento é destinado a profissionais das áreas da saúde e estudantes, com taxa de participação de R$ 60 e R$ 30, respectivamente.
As inscrições são presenciais e podem ser realizadas na Uncisal (com a terapêuta ocupacional Maria Helena, na Unidade de Terapia Ocupacional, as 3ª e 5ª pela manhã/tarde), no Hospital Universitário (com Anunciada, no Ambulatório de Pediatria), e na Clínica Guri (coma recepcionista Danúbia ou a assistente social Marise).
A programação do curso, que tem carga horária de 16 horas, será aberta com a palestra sobre os sinais clínicos do espectro autístico, seguida de debate. Também haverá discussão de casos e a revelação dos dados da Pesquisa Preaut na França, que completa 20 anos de execução e da qual o Ambulatório de Autismo do HUPAA faz parte.
Colocar a programação:
Dia 06/05
8h – credenciamento / 8h30 – abertura: Dra Terezinha Rocha de Almeida
9h – palestra: Sinais clínicos do espectro autístico – Dra. Graciela Crespin
10h – intervalo
10h20- retorno com discussão de casos/debate
14h30 – Divulgação dos resultados da Pesquisa PREAUT na França
16h – intervalo
16h20 – retorno com debate.
Dia 07/05
8h30 – palestra: Diagnóstico diferencial de Autismo – Dra Graciela Crespin
10h – intervalo
10h20 – retorno com debate
11h30 – considerações finais
12 h – encerramento.
