Submetido às pressas a uma cirurgia cardíaca, o engenheiro mecatrônico, Raphael Khayke, de 30 anos, descobriu uma disfunção genética cardíaca, ao praticar um treino da modalidade Crossfit. O procedimento batizado de Bentall de Bono foi realizado na sexta-feira (22) no Hospital do Coração Alagoano Professor Adib Jatene, localizado no bairro Cidade Universitária, em Maceió, e durou cerca de 7 horas.
A intervenção visou corrigir a dissecção da aorta ascendente, envolvendo a substituição da porção afetada da aorta, por um tubo de dacron, além da substituição da válvula aórtica. O procedimento de dissecção aguda de aorta na rede hospitalar privada custaria R$ 600 mil, e ocorreu por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante a alta, o paciente relembrou que estava realizando um movimento de handstand push up [flexão de cabeça para baixo] quando sentiu fortes dores de cabeça, palpitações no coração e a vista escurecer. “Após sentir os sintomas que não eram comuns, falei com meu treinador o que estava sentindo, fui para casa e depois para UPA [Unidade de Pronto Atendimento], mas não foi possível fechar o diagnóstico, porque a aorta ainda não tinha sido perfurada”, relatou.
Dois dias depois ele voltou a repetir o movimento e sentiu novos sintomas. Ao ser encaminhado à UPA novamente, foi diagnosticado com dissecção aguda de aorta, com a necessidade de cirurgia urgente. “Repeti o movimento no treino e senti os mesmos sintomas, só que com a respiração ofegante. Pensei que era crise de ansiedade e, ao longo do dia, fui tentando melhorar. Depois pedi ao meu pai que me levasse à UPA novamente e, com isso, já me encaminharam ao médico. Após a realização de exames, acusou o problema no coração. Daí fui transferido para o HGE e, logo depois, ao Hospital do Coração Alagoano, onde realizei a cirurgia”, salientou Raphael Khayke.
Emocionado, ele ressaltou que, por levar uma vida considerada saudável, não esperava ser acometido por um problema cardíaco. “Eu tenho uma vida saudável, pratico esportes todos os dias e não esperava ter esse problema. Segundo o médico, eu tinha 50% de chance de vida. É um problema genético e, em algum momento, iria estourar. Acabou estourando agora. Só deu tempo de me despedir dos meus pais, de ninguém mais, e eu entreguei na mão de Deus, mas, graças a Ele e aos médicos, deu tudo certo”, agradeceu.
Vida Normal
Responsável pela cirurgia, o médico cardiologista Kleberth Tenório, destacou que, após a recuperação total, o paciente poderá retornar a realizar exercícios físicos normalmente. “É importante observar que depois da cirurgia, o paciente Raphael está apto a ter uma vida normal, retornar às atividades físicas e ter uma vida absolutamente igual à que levava antes, mas, sendo acompanhado pela cardiologia”, disse.
Presente durante a alta do paciente, o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, elogiou a agilidade da equipe multiprofissional do hospital em atender o caso de Raphael. “É com imensa felicidade que nós vemos o trabalho sério com profissionais da mais alta competência e gabarito. Sou médico e sei da gravidade do caso do Raphael, que era muito grave e só sendo tratado com destreza e rapidez para poder salvá-lo. É como nós sempre temos como diretriz e o governador Paulo Dantas nos orienta: devemos trabalhar para cuidar daqueles que mais precisam, a exemplo do Raphael”, sentenciou o gestor da saúde estadual.