
Revolta, indignação e desamparo. Familiares de Jairo Ferreira da Lima, de 36 anos, ficaram desesperados quando o autônomo faleceu na porta do Hospital de Urgência e Emergência de Sergipe (Huse). De acordo com a esposa da vítima, Maria Cristiane, Jairo deu entrada no Huse na sexta-feira, 12, sentindo fortes dores, mas foi liberado na tarde do último domingo, 14.
Cristiane conta que o marido chegou a ser atendido por cerca de três médicos que levantaram a suspeita de infarto ou problemas estomacais. “Uma médica chegou a dizer que ele estava sendo liberado porque não tinha mais nada, quando insisti que ele ainda estava mal, ela me disse que a gente estava ali porque gostava de hospital”, diz.
Muito nervosa e chorando muito a esposa de Jairo lembra ainda que na tarde de do dia 14 de março, ao chegar em casa, Jairo sofreu um desmaio. “Meu marido foi liberado com o corpo todo mole, ele estava muito mal e ninguém fez nada para socorrer ele, deixaram meu marido morrer”, lamenta Cristiane.
Indignada Cristiane conta que na manhã de segunda-feira, 15, o quadro de saúde do autônomo piorou e decidiu retornar para o hospital, mas quando chegou à unidade recebeu o comunicado de que não havia nenhum médico para atender.
“Quando cheguei ao hospital meu marido estava respirando e ficamos parados sem poder fazer nada. Fiquei parada na porta vendo meu marido morrer na minha frente”, conta Cristiane, denunciando que chegou a ser agredida por um segurança do hospital.
“Quando tentei buscar ajuda dentro do hospital para que algum médico ajudasse meu marido, um segurança me empurrou para fora”, denuncia.
Testemunhas
O vizinho da vítima, André Luiz Sobral Santos, que levou Jairo ao hospital também acusa o Huse de negligência. “Ele estava passando mal no carro, mas estava vivo. A gente tentou pedir ajuda, mas ninguém veio ajudar”, ressalta.
A cunhada de Jairo, Maria Jeane Santos, também denuncia que a vítima chegou com vida ao hospital, mas morreu por falta de assistência. “Que Governo é esse meu Deus, não tem mudança. Meu cunhado morreu e ninguém fez nada”, disse.
Após muitos gritos e inúmeros pedidos de apelo para que um médico fosse verificar o estado de saúde da vítima, somente cerca de 40 minutos depois uma enfermeira apareceu do lado de fora da unidade e constatou que Jairo não apresentava nenhum sinal vital.
Huse
De acordo com a assessoria de comunicação do hospital, o paciente já deu entrada sem vida e o hospital não pode receber o corpo. A assessoria conta que o paciente só recebeu alta após realizar todos os exames médicos e que ao deixar a unidade Jairo estava bem.
De acordo com a diretora clinica do Huse, Lícia Diniz, o infarto pode ser confundido com uma dor de gastrite. Por meio da assessoria de imprensa a médica explicou que o paciente recebeu alta médica porque estava bem.