A região de São Félix do Araguaia (no Mato Grosso), onde está localizada a Terra Indígena Xavante-Marãiwatsédé, foi um dos principais cenários dos enfrentamentos da guerrilha contra a ditadura durante os anos de 1960 e 1970. As tensões entre os que combatiam e os que atuavam em favor do regime militar sufocaram as disputa entre índios e não índios. A história da região e do bispo dom Pedro Casaldáliga se misturam nas última quatro décadas.
Crítico da ditadura e defensor das minorias, o bispo catalão dom Pedro Casaldáliga, de 76 anos, mudou-se, em agosto de 1970, para uma casa simples em São Félix do Araguaia. De sua casa, ele coordena as ações em defesa dos indígenas da região e apela às autoridades para evitar a opressão e o domínio das reservas.
“Gostaria muito que as autoridades revisem a decisão da Advocacia-Geral da União [AGU] a decisão sobre a demarcação de terras porque, do contrário, pode ser criada uma nova ordem de insegurança [em várias regiões do país]”, disse à Agência Brasil o bispo.
Considerado o primeiro a denunciar o trabalho escravo no Brasil, na década de 1970, dom Pedro Casaldáliga mantém a vivacidade e o espírito combativo. Seguidor da teologia da libertação, adotou como lema para sua atividade pastoral Nada Possuir, Nada Carregar, Nada Pedir, Nada Calar e, sobretudo, Nada Matar. É escritor e poeta, ele disse que se mantém dedicado também aos livros.
Dom Pedro Casaldáliga foi alvo de inúmeras ameaças de morte. Uma das ameaças mais graves ocorreu em 1976, na região de Ribeirão Bonito (Mato Grosso), quando assumiu a defesa de mulheres torturadas em uma delegacia de polícia. Na ditadura militar, foi alvo de cinco processos de expulsão do Brasil.