O Hemocentro de Alagoas (Hemoal) promoveu, nessa sexta-feira (8), mais um mutirão para realizar o exame de Doppler Transcraniano em 48 falcêmicos. Do total, 18 apresentaram alteração nos resultados e, portanto, correm risco de desenvolver um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Para evitar que o problema aconteça, esses pacientes passarão a receber transfusões de sangue mensalmente. Isso porque as transfusões mensais reduzem em até 90% os riscos do falcêmico sofrer um AVC, segundo informou o médico Camilo Vieira, que atendeu os pacientes do Hemoal.
“Dos dois aos 16 anos os falcêmicos são mais suscetíveis a desenvolver um AVC, cujo risco é detectado com um Doppler Transcraniano. Por isso, os pacientes que apresentam alteração nos exames devem repeti-los a cada três meses. Já àqueles em que o resultado foi normal, a repetição deve ocorrer uma vez por ano”, afirmou Camilo Vieira.
O médico chamou a atenção para o fato de que os falcêmicos alagoanos são os mais suscetíveis a sofrerem um AVC na faixa dos dois aos 16 anos. Isso tem sido revelado nos seis mutirões já realizados pelo Hemoal, o índice de alteração é sempre superior a 20%, a exemplo do ocorrido nesta edição, que 37,5% dos pacientes examinados apresentaram alteração.
Durante a ação, a estudante Ana Vitória Marinho, 12 anos, foi submetida ao exame Doppler Transcraniano e apresentou resultado normal. Acompanhada pela equipe multidisciplinar do Hemoal desde que tinha dois meses, a adolescente leva uma vida normal e, além de estudar, também pratica esportes.
“Já tive duas crises e fui internada no Hospital Hélvio Auto e no Hospital do Açúcar. Moro em Matriz do Camaragibe e todos os meses venho ao Hemoal para me consultar, receber minha medicação e passar pelo dentista, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta”, relatou Ana Vitória Marinho.
Doença – A Anemia Falciforme é uma doença hereditária, que provoca uma deformação das hemácias (glóbulos vermelhos), afetando, em sua maioria, a população afrodescendente. Ela causa lesões no cérebro, pulmões e, principalmente, nos rins. A detecção é realizada no Hemoal, por meio do exame eletroforese de hemoglobina ou de DNA.
Um dos tratamentos é a transfusão sanguínea, que é realizada no ambulatório de Hematologia do Hemoal. Por esta razão, os hematologistas recomendam que, antes de planejar ter um filho, os casais realizem o aconselhamento genético, em que será verificado se o homem ou a mulher possui o traço falciforme, que pode gerar um filho com a doença.
“Após o nascimento do bebê, caso não seja possível realizar o aconselhamento genético ou mesmo se ele for feito, é imprescindível realizar o teste do pezinho, cujo serviço está disponível nas maternidades públicas do Estado”, informou a diretora do Hemoal. A Anemia Falciforme afeta, principalmente, filhos de casais portadores do traço falciforme, onde há um risco de que 25% deles sejam portadores da doença, que em Alagoas afeta 400 pessoas.
