Homenagem a Iemanjá acontece nesta quarta-feira, na Pajuçara
Todos os anos, no dia 8 de dezembro, acontece em Maceió, na Praia de Pajuçara, a Festa das Águas, que conta com a participação de diversos grupos culturais representantes da cultura afro-alagoana. Este ano, as atividades têm início às 10h, com apresentações de rodas de capoeira. A partir das 14h, iniciam as apresentações dos grupos percussivos e de batuque, que seguem até a noite, quando acontece um cortejo final reunindo todos os grupos presentes.
O evento é uma realização da Articulação pela Cultura Popular e Afro-Alagoana, formada pelos representantes de vários grupos artísticos e culturais, entre eles a Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Oju Omin Omorewá, Casa de Iemanjá, Palácio de Airá, Abassá de Oiá Balé, Coletivo AfroCaeté, Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), Núcleo de Cultura da Zona Sul, Quilombo Jacintinho e Quintal Cultural, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), do Banco do Nordeste (BNB) e do Núcleo de Apoio e Desenvolvimento da Capoeira (NADEC).
Iemanjá é um nome derivado de três outras palavras do idioma iorubá: yèyé (mãe), omo (filha) e ejá (peixe). Ela é o útero de toda a vida, principal figura materna na tradição iorubá (Ymoja). Nas religiões afro-brasileiras, no nosso planeta a vida originou-se das águas, por isso Iemanjá é o arquétipo da maternidade, a Grande Mãe, que tem afinidade com todas as mães do mundo.
Sincretizada com Nossa Senhora devido à relação com a maternidade, Iemanjá possui grande prestígio e popularidade em todas as camadas sociais brasileiras. Estratégia no passado, o sincretismo fez-se necessário para que a religião afro-brasileira fosse aceita e livrasse os religiosos da perseguição policial e da destruição de seus terreiros. Hoje, segundo o pesquisador Edson Moreira, “é difícil a dissociação”. Ele esclarece que Iemanjá não é Nossa Senhora e que o sincretismo é um fenômeno que existe em todas as religiões e também está presente na sociedade brasileira.
Pajuçara é a praia escolhida para o encontro dos grupos por ser o local onde caravanas de religiosos vindas de diversos bairros de Maceió e de outros municípios de Alagoas se reúnem anualmente para uma grande festa. Segundo Cristiano Barros, integrante da Articulação, a ocasião também agrega turistas e simpatizantes das religiões de matriz africana. “O dia 8 de dezembro foi escolhido pelos grupos alagoanos para homenagear aquela que é um dos orixás mais respeitados e populares”, afirma Cristiano.
