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Maceió

Grupo de Trabalho Fábrica Carmen tem primeira reunião para discutir revitalização do local

Espaço vai preservar cultura, história e meio ambiente

Alinhar revitalização à preservação patrimonial e ambiental da antiga Fábrica Carmen, em Fernão Velho, para promover cultura, história, lazer e geração de renda à população de um dos bairros mais antigos de Maceió. Esses são os desafios do Grupo de Trabalho que vai pensar a reativação do espaço e teve nesta terça-feira (15) a primeira reunião.

O GT é formado por seis coordenações, que vão trabalhar em conjunto, para garantir o melhor aproveitamento do espaço da fábrica e da área de mata atlântica que a circunda. Além da coordenação geral, que sob a responsabilidade do gerente da Zeladoria Municipal, Fábio Palmeira, foram criadas as coordenações de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Projetos de Arquitetura e Engenharia, Patrimônio, Ambiental e Jurídica.

Como reforça o coordenador geral, a ideia do grupo multidisciplinar, envolvendo vários órgãos e secretarias municipais, é garantir que todos os requisitos legais e de viabilidade sejam atendidos, e o aproveitamento do local seja totalmente sustentável.

“Por se tratar de um projeto complexo, de cunho histórico e ambiental, queremos entregar para a sociedade uma nova área de lazer, ambientalmente correta e historicamente preservada. Iremos pensar também no desenvolvimento sustentável, econômico, não apenas do local em si, mas abraçando todo o bairro”, explicou.

A intenção do Município é que a antiga Fábrica Carmen, que deu vida ao bairro de Fernão Velho no início do século passado, seja um museu ecológico a céu aberto e um núcleo de artes, com áreas para exposição de artes, oficinas, pedalinhos, dentre outras atividades.

O lugar guarda um tesouro paisagístico, formado por dois açudes naturais e uma área de vegetação fechada, que fica por trás da edificação onde funcionou a empresa.

Para a coordenadora de Patrimônio, Adeciany Souza, a fábrica mesmo em estado de abandono, ainda preserva parte de sua integridade, que deverá ser mantida. Além dela, as casas no entorno, que formam as vilas operárias, ajudam a contar a história de um período em que Maceió tinha a rota do algodão, passando inclusive pelo Porto de Jaraguá.

Tudo isso será integrado ao projeto, assim como a própria comunidade, de forma a valorizar o bairro e os moradores. “Temos que pensar um parque integrado, um projeto voltado para o uso da comunidade, com oficinas, capacitação profissional, de forma que teremos um grande ganho tanto para Fernão Velho como para a cidade de Maceió”, avaliou.

A integração econômica da comunidade será planejada pelo coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Eduardo Monteiro. Ele explica que no primeiro momento, a intenção do Município é estimular o microempreendedorismo da população do bairro, a partir de um estudo de viabilidade econômica.

Já a questão ambiental fica por conta do coordenador da área, Valdir Martiniano. Ele ressalta que a região é uma Área de Proteção Ambiental de extrema relevância para Maceió, que concentra boa parte dos aquíferos que abastecem a cidade, o que demanda um alto nível de responsabilidade para as intervenções.

Na parte jurídica, fica responsável o coordenador Hugo Fonseca, que encabeçará os trâmites para desapropriação da área e, em seguida, os processos “guarda-chuva”, necessários para as alterações no local.

O projeto

A coordenadora de Projetos Arquitetura e Engenharia, Adriana Codá, ressalta que as discussões sobre como revitalizar a fábrica e entregá-la à população ainda estão em andamento, mas as ideias já começaram a surgir, e algumas estão bem definidas.

Como museu ecológico a céu aberto, o local terá algumas partes sem telhado, onde devem ficar esculturas sustentáveis e que possam receber a água da chuva sem que deteriorem, e onde a vegetação possa acessar, de forma que a alvenaria, a natureza e os visitantes estejam integrados.

Nos dois açudes naturais, a proposta é colocar pedalinhos e outras atividades de lazer para a população. O banho é proibido lá, mas ela propõe criar bicas com a água que vem da nascente, na parte superior aos açudes.

O acervo de documentos dos antigos funcionários e os objetos que ainda são encontrados por lá, assim como o cofre da fábrica, também deverão fazer parte do museu

“A ideia é que a gente possa dar um alento àquela comunidade que sempre esteve muito distante das políticas públicas. O projeto vem pra trazer mais dignidade do ponto de vista econômico e do ponto de vista social. O Município pretende potencializar o espaço e o bairro como um todo. Isso mexe completamente com a vida daquelas pessoas no sentido positivo”, finaliza Fábio Palmeira.

Estão envolvidas no GT a Superintendência de Desenvolvimento Sustentável, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, a Secretaria Municipal de Economia, a Defesa Civil e o Gabinete do Prefeito.