Quem passa pela estrada que leva ao Povoado Lagoa Verde, em Carira, fica encantado com o plantio de algodão da propriedade do Sr. José Pereira da Silva. São três tarefas de algodão que se destacam, diante da cultura do milho que enfrenta uma previsão de 50% de perdas, provocada pela falta de chuvas.
Esse plantio de algodão que tanto tem chamado atenção faz parte de um Programa do Governo do Estado, executado pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que visa apresentar alternativas de renda para os agricultores familiares e ao mesmo tempo conter o monocultivo do milho.
Segundo o assessor da Presidência da Emdagro, Jodemir Pires, técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e da Emdagro se reuniram com técnicos da Embrapa Centro de Algodão, que fica localizada em Campina Grande (PB), para discutirem a viabilidade da implantação do algodão em Sergipe. Para a Embrapa, a opção viável para o agricultor familiar seria a de um produto diferenciado, que é o algodão agroecológico, visto que não teria competitividade se produzido de forma convencional.
Jodemir ressaltou que “o Nordeste já tem experiência da produção de algodão agroecológico, inclusive o colorido. Essa é uma alternativa que mostra viabilidade”. O agrônomo fez questão de enfatizar que hoje já é possível se conviver com o bicudo, praga que dizimou, em décadas passadas, os plantios do algodão no Nordeste.
“Para ver o comportamento da cultura, a Emdagro iniciou o trabalho instalando 20 Unidades Demonstrativas no Estado. Em Carira foram implantas quatro Unidades que têm mostrado uma excelente resposta”, complementou Jodemir.
O agricultor familiar José Pereira da Silva, que implantou uma Unidade Demonstrativa em sua propriedade de nove tarefas, diz que reservou três tarefas para plantar o algodão. “Estou rindo à toa! Não tem inseto nenhum atrapalhando o algodão. Está saudável e abençoado por Deus. Bem zelado, pois estou zelando”, diz o agricultor.
Para a implantação das Unidades Demonstrativas, os agricultores receberam da Emdagro o Extrato de Nim, inseticida natural e adubo orgânico que foi a Torta da Mamona, além da assistência técnica durante todo processo de desenvolvimento da cultura até a comercialização.
“Aqui está tudo orgânico, nada de respirar mal, tudo é saudável. Estão de parabéns os técnicos da Emdagro, todos vocês que vêm atender a gente com educação, aqui no sertão, com capacidade”, disse José Pereira.
Para o técnico local da Emdagro, Valdeck Monte Santos Nascimento, a previsão da primeira colheita é que aconteça no fim de outubro e que alcance a média de 1.000 a 1.500 kg. Já para o agricultor José Pereira, bastante otimista, diz que a produção vai ser de mais de 3.000 kg.
Outro agricultor que implantou uma Unidade Demonstrativa foi Jorge Almeida Costa. Ele optou em plantar, na sua área de duas tarefas, o algodão consorciado com o feijão de porco, que segundo ele, “é mais uma alternativa de renda”.
Riscos da monocultura
A monocultura é o plantio extensivo de um único vegetal. Ela traz desvantagens ambientais ocorrem porque exaure o solo com o tempo e reduz a biodiversidade. As desvantagens sociais ocorrem porque reduz o uso da mão de obra no campo e afugenta as populações rurais.
E ainda há desvantagens econômicas, pois apresenta enormes riscos, já que uma única doença ou praga ou a queda do preço do produto no mercado podem pôr a perder toda a cadeia produtiva regional.