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Cultura

Governo do Estado traça perfil do artesão alagoano

Censo traça perfil dos artesãos alagoanos

O artesanato de Alagoas é reconhecido em todo o país pela beleza e autenticidade, mas pouco se conhecia dos profissionais que confeccionam os produtos que são a cara do Estado, os artesãos. Para ter mais informações e planejar as ações de fomento para o segmento no próximo ano, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Energia e Logística (Sedec) realizou o Censo do Artesão Alagoano.

Com a equipe técnica do Programa Brasileiro de Artesanato em Alagoas (PAB), todos os 102 municípios alagoanos foram visitados e os artesãos foram entrevistados. Todo o trabalho foi feito com o apoio das prefeituras e associações de artesãos desses locais. A catalogação teve início em 2008 e os estudos finais dos dados colhidos ocorreram no final de 2010.

Foram cadastrados 7.918 artesãos em todo o Estado, e identificada a forte presença feminina na atividade. As mulheres representam 86% dos profissionais artesãos do Estado. Uma boa notícia é que do total de profissionais 92% possuem imóvel próprio e 87% contribuem para a previdência social, utilizando um dos benefícios garantidos pela Carteira do Artesão, documento emitido pelo PAB Alagoas.

A maioria dos artesãos, 67%, dedica o tempo de 4 a 5 horas por dia para a produção artesanal e 91% utilizam sua residência como oficina. O artesanato representa para 86% dos entrevistados a sua atividade principal, uma atividade econômica geradora de renda e trabalho.

Questionados quanto ao ingresso na profissão, 45% dos artesãos declararam que trabalham na atividade por força de tradição familiar, 21% para complementar a renda, 21% como realização pessoal e 12% por causa do curso de formação.

Com o Censo do Artesão, segundo a coordenadora do PAB Alagoas, Sonia Normande, foi possível identificar que 51% da produção artesanal em Alagoas tem como matéria-prima Fios e Tecidos, nomenclatura utilizada para designar a tipologia que se enquadra nas técnicas de renda e bordado, como crochê e filé.

“Isso mostra que temos uma tipologia forte e que podemos focar ações, como conseguir parcerias com indústrias de fio e tecido. Isso somente é possível agora, com esses dados em mãos”, argumenta a coordenadora.

Para a assessora especial da Sedec, Vania Amorim, o Censo do Artesão Alagoano é um importante instrumento para auxiliar no planejamento das ações que serão executadas nos próximos quatro anos.

O Censo também identificou um baixo percentual de artesãos capacitados (12%). De acordo com Vania Amorim, o fato acontece por conta da grande quantidade de mulheres na atividade, onde a maioria delas (55%) são casadas e moram no interior, o que dificulta a locomoção até a capital e a disponibilidade de tempo já que as oficinas duram geralmente uma semana. E é pensando nessa necessidade que Vania Amorim já planeja a realização de pelo menos seis oficinas de capacitação para o próximo ano.

Vania Amorim também fala que o alto índice de dificuldade em relação à comercialização dos produtos (69%), já recebe atenção por parte da Secretaria com a implantação de projetos. Vania cita o projeto Café com Arte, que está em sua segunda edição e possibilita a comercialização de produtos artesanais durante o horário de café da manhã nos principais hotéis da capital, além da participação em feiras e eventos dentro e fora de Alagoas.