O governador Teotonio Vilela Filho assinará, nesta quarta-feira (1º), às 17h30, um pedido de perdão oficial do Governo de Alagoas a todas as comunidades de terreiros de Alagoas, pelas atrocidades que marcaram o dia 1º de fevereiro de 1912, conhecido como a Quebra do Xangô ou Quebra de 1912. A assinatura será feita no final do cortejo popular, marcado para sair às 15h da Praça D. Pedro II, pela Rua do Sol até a Praça dos Martírios, trecho que era considerado importante ponto de confluência de terreiros de Maceió.
No local, será armado um palco para apresentações artísticas que acontecerão nesta quarta (1º) e na quinta-feira (2), dentro da programação do projeto “Xangô Rezado Alto”. O objetivo é marcar a passagem do primeiro centenário do episódio, provocado por milícia armada, que destruiu as casas de matriz africana de Maceió. A oficialização do perdão, por parte do Governo, será um fato inédito e significativo para a cultura afrodescendente em Alagoas e história do Brasil.
Segundo o vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), que está realizando o projeto “Xangô Rezado Alto – celebrando a memória do Quebra”, professor Clébio Araújo, o pedido de perdão do Governo de Alagoas marca uma nova etapa na relação entre Estado e cultos afrobrasileiros, uma vez que um chefe de estado – em nome da sociedade – admite o ‘Quebra’ como um erro histórico.
“Isso indica que há uma disposição de construir uma nova relação com esses cultos. O Estado sinaliza um novo momento que acarretará num novo tratamento e disposição de novas políticas públicas para os cultos de matriz africanas”, explicou.
A notícia do pedido de perdão por parte do Governo despertou nos estudiosos e comunidades um sentimento de reconhecimento oficial e a certeza de que Alagoas enfrenta tempo de mudanças, como fala o antropólogo e sociólogo Edson Bezerra. “Não há dúvidas de que este será um fato que ficará para a história, pois pela primeira vez o Governo reconhece a violência praticada no passado, dando-lhe um caráter oficial, e ao mesmo tempo, pedindo perdão por isso”, concluiu.
