Obras financiadas pelo Estado vão recuperar prédio
A restauração do patrimônio histórico e arquitetônico de Alagoas vem sendo priorizada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A Catedral Metropolitana de Maceió e o prédio do antigo Arcebispado, no Centro, estão sendo revitalizados com recursos federais e estaduais que somam mais de R$ 2,4 milhões. O próximo a ser recuperado e modernizado é a Biblioteca Pública Estadual, cujo processo se encontra em fase licitatória.
Tombada pelo Estado como patrimônio histórico, a Catedral receberá iluminação artística “à altura do seu valor arquitetônico”, como destacou a arquiteta responsável pelo projeto, Adriana Guimarães. A obra, prevista para ser concluída em dezembro, inclui a substituição das instalações elétricas, a pintura interna e externa de toda a igreja e a restauração dos azulejos das duas torres.
A casa onde funcionava o Arcebispado passa por um complexo trabalho de revitalização. Do piso ao teto, o prédio – que passou cerca de 20 anos fechado – está sendo completamente recuperado, em uma obra de R$ 1.112.835, dos quais R$ 206 mil são investidos pelo governo do Estado. O restante da verba foi viabilizado junto ao Ministério da Cultura (Minc).
O prédio abrigará a Escola Arquidiocesana de Artes e Ofícios, uma proposta do Arcebispado de Maceió que foi acatada e apoiada pela Secult. A escola, que atenderá jovens em situação de risco social, oferecerá cursos gratuitos de restauração de diversos materiais, como azulejos, madeira, papel, telas, esculturas e até instrumentos musicais de sopro. “O edifício precisa ter um uso social, para que não volte a ser degradado, além de que terá sua manutenção garantida”, explicou Adriana.
Segundo o secretário da Cultura, Osvaldo Viégas, já foi disponibilizado R$ 1,25 milhão para a aquisição de equipamentos, mobiliário e material para a escola. Parte da verba vem do MinC e o restante, R$ 250 mil, é a contrapartida do Estado.
O historiador Francisco Sales elogiou a ideia. “Aplaudo o projeto da escola. É necessário que as ações de restauração sejam feitas dentro da linha da sustentabilidade”. O secretário Viégas ressaltou que a escola formará profissionais capacitados para trabalhar na restauração dos monumentos alagoanos, já que o Estado carece de mão de obra qualificada nessa área.
O trabalho faz parte da Política de Preservação do Patrimônio Material do Governo, que popularizou o tombamento e a restauração de prédios históricos da capital e interior. “O Palácio dos Martírios, o Teatro Deodoro, o Museu da Imagem e do Som (Misa) e o próprio Arcebispado foram tombados neste governo. Não conheço outro momento da história em que o Estado tenha feito tudo isso”, declarou o secretário.
Para as obras da Biblioteca Pública, que incluem a modernização do acervo e da estrutura interna, serão destinados mais de R$ 3,2 milhões. “O Estado entrará com R$ 822 mil. São contrapartidas significativas”, avaliou. Viégas anunciou, ainda, que estão sendo elaborados convênios para a recuperação da Igreja dos Martírios, em Maceió, e da Igreja de Coqueiro Seco.
Andamento das obras – A restauração da Catedral não impediu a celebração de missas e demais atividades. “Inclusive, estamos esperando o fim da festa da padroeira para montar os andaimes e começar a fixação e a restauração da azulejaria das torres”, lembrou Adriana. A pintura da igreja será a última etapa da obra, que custou R$ 1.292.737,42, sendo R$ 258.844 investidos pelo Estado.
As partes de madeira do Arcebispado já foram descupinizadas e todo o reboco das paredes foi removido. O trabalho continua no piso e na coberta do edifício. As instalações hidráulicas e elétricas estão sendo totalmente renovadas.
Na previsão do Pró-Memória, diretoria da Secult responsável pela preservação do patrimônio alagoano, o edifício deve ser aberto ao público em junho do próximo ano. O arcebispo Dom Antonio Muniz considera a restauração como “um gesto de apreço à história e à cultura de Alagoas”.
Mergulhando na História – “A Catedral é importantíssima por quatro aspectos: foi lá onde nasceu Maceió, é obra de um famoso arquiteto francês, levou cerca de 20 anos para ser construída, além de ter sido inaugurada pelo imperador Dom Pedro II”. O historiador Francisco Sales recorda que a igreja foi edificada a partir da capela do engenho Massayó. “É um lugar sacralizado pela própria história”, destacou.
O arquiteto francês Auguste Montigny, que veio ao Brasil acompanhando a corte portuguesa no século XIX, assinou várias obras importantes no Rio de Janeiro, como a Igreja da Candelária. A Catedral de Maceió seria, talvez, seu único projeto fora da cidade maravilhosa.
Já o Arcebispado “é de importância capital na história de Alagoas”, na opinião do especialista. “Na época da sua construção não existia nada naquela área do Centro”. Antes de funcionar como sede da Cúria Metropolitana, o edifício era a residência de Manuel Sobral Pinto, penedense que introduziu a ópera no Estado e deu nome à Praia do Sobral.
