Há quase seis anos trabalhando no Governo do Estado, Antonio Carlos Sampaio Quintiliano, engenheiro civil natural de Maceió, assumiu a presidência da Agência de Fomento de Alagoas (Afal) em maio de 2011, com a missão de consolidar a Agência e torná-la uma referência para o desenvolvimento de Alagoas.
Durante a primeira gestão do governador Teotonio Vilela Filho, ele ocupou a função de secretário adjunto do Planejamento e do Orçamento, tendo participado de todo o processo de constituição da Afal, que contou com a apoio de organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Agência de Cooperação Espanhola (Aecid) e do Programa Nacional das Nações Unidas (Pnud).
Desde a instituição da Afal, em março de 2009, ocupou uma cadeira no Conselho Fiscal do órgão, até ser eleito, após indicação dos acionistas, para o cargo de presidente da Agência pelo seu Conselho de Administração.
Esta semana, a Agência deu mais um passo para sua consolidação, a partir da mudança para a nova sede, na Ponta Verde, com estrutura para abrigar todo o quadro de pessoal e com perspectivas para aumentar sua atuação, tanto na capital como no interior do Estado. Nesta quinta-feira (7), o Conselho de Administração da Afal se reúne já com sua nova formação, sob a presidência do secretário Luiz Otavio Gomes (Planejamento e Desenvolvimento Econômico) e Antonio Carlos Quintiliano como vice-presidente do Conselho e presidente da Afal. Em entrevista à Agência Alagoas, ele fala sobre o fomento aos pequenos negócios em Alagoas.
Agência Alagoas – Qual atuação da Afal nas políticas públicas do Governo do Estado?
Antônio Carlos – A agência nasceu com o objetivo de atender demandas reprimidas de crédito de um nicho de mercado que não desperta o interesse do sistema bancário tradicional. Enquanto agente financeiro do Estado, nosso desafio é fortalecer cada vez mais a instituição para que ela possa trabalhar junto com as políticas públicas do Governo do Estado na perspectiva de minimizar as desigualdades e erradicar a miséria, fortalecendo o crescimento e a diversificação econômica. Procuramos viabilizar os programas com o foco no dinamismo da economia dos municípios, na perspectiva de fomentar e induzir a atividade econômica, não apenas nos setores do comércio e serviço, como também nos setores industrial e do agronegócio.
A.A. – Qual atuação da Afal na capital e no interior?
A.C. – Na capital, o atendimento ao crédito é feito diretamente na sede da Agência, e no interior, estamos fortalecendo a nossa rede de parceiros estratégicos, como o Sebrae e a Fecomércio, aumentando a presença da Agência no atendimento direto ao público. Por outro lado, também atuamos com programas de fomento e apoiamos editais para cooperativas de crédito, atingindo um público maior com as operações de microcrédito. Um dos nossos programas, o Alagoas Cidadã, trabalha em bairros de Maceió e em localidades do interior do Estado com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O programa, em parceira com a ONG Visão Mundial, utiliza a metodologia GOL-D (Grupos de Oportunidades Locais e Desenvolvimento), levando a educação financeira para que os grupos se fortaleçam como cidadãos e com a cultura do empreendedorismo.
A.A. – Qual tipo de investimento da Afal?
A.C – A Afal trabalha com linhas de crédito para apoiar os setores produtivos do Estado, e também promove a inclusão produtiva e a bancarização para aqueles que não têm acesso aos bancos tradicionais. Quem nos procura vai encontrar uma possibilidade de investir em seu negócio adquirindo o crédito e contando com o acompanhamento dos nossos agentes de crédito e consultores para melhoria da gestão de seus negócios.
A.A. – Quais as perspectivas para o crescimento da agência?
A.C. – Nossas perspectivas são muito boas. Atuamos através de parceiros, tanto nacionais como internacionais, e contamos com a credibilidade estabelecida pelos nossos clientes através dos nossos serviços. Os desafios aparecem como em qualquer instituição, a exemplo da capitalização – pois temos que aumentar nosso capital – mas estamos trabalhando para isso e com essa ampliação, iremos ter independência financeira e operacional, dentro do prazo do plano de negócio proposto pelo Estado e aprovado pelo Banco Central. Essa ampliação nos possibilitará operar como repassadores do BNDES, gozando de todas as vantagens das taxas, prazos e linhas do banco, bem como diversas outras oportunidades de atuação.
A.A. – Qual a estratégia do Governo para o crescimento da Afal?
A.C – As estratégias imediatas para o crescimento da Agência são torna-lá repassadora do BNDES; formalizar a Agência como gestora dos fundos estaduais; direcionar sua política de microcrédito e de inclusão produtiva para a Agência; transformar a Afal em banco da micro e pequena empresa alagoana; apoiar a Agência no papel de provocador do desenvolvimento e do planejamento de longo prazo; e ter a Afal como indutor de políticas públicas para o Governo.
A.A. – Qual a relação da Afal com os Arranjos Produtivos Locais (APLs)?
A.C – A Afal é parceira no Programa de Arranjos Produtivos Locais (PAPL), coordenado pela Seplande e o Sebrae Alagoas. Contamos com uma linha de crédito direcionada aos APLs e, atualmente, estamos finalizando uma chamada pública, com investimentos de R$ 5 milhões, não reembolsáveis, provenientes do Governo de Alagoas e do BNDES, que serão aplicados nos projetos selecionados no edital para os APLs de baixa renda. Estamos muito confiantes nesse edital e temos como objetivo torná-lo um programa permanente para Alagoas, contribuindo para o desenvolvimento produtivo e a melhoria dos produtos oferecidos a partir dos Arranjos. Até o final de julho estaremos assinando o contrato com as instituições selecionadas por esse edital.
A.A – Qual o capital da Afal atualmente e qual seria o ideal?
A.C – O capital atual é R$ 19,1 milhões, sendo que R$ 3,1milhões estão sendo utilizados em projetos. O necessário é que tenhamos um capital em torno de R$ 60 milhões para alcançarmos nossa independência do Tesouro do Estado. Assim, a Afal irá cumprir o seu plano de negócios aprovados pelo Banco Central, que foi o de tornar a Agência independente do custeio público no prazo de três anos. Um das nossas metas, inclusive, é melhorar os quadros da Agência contratando pessoal próprio.
A.A. – Como se pretende capitalizá-la?
A.C – Enxergamos algumas alternativas para o aumento do capital, como a complementação do compromisso de capitalização por parte do Estado, que é o principal acionista; a capitalização via capital privado, com novos sócios nacionais e internacionais, além da capitalização via instituições doadoras internacionais (Fundos Internacionais) da gestão de fundos estaduais, como o fundo Fundebi (Prodesin), do spread de repasses do BNDES, com o retorno de aplicações no mercado financeiro, e da possibilidade de repasse de fundos federais, como o FNE.